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Introdução à Filosofia, Emergência de Filosofar e Tentativas de Definir a Filosofia

TEMA: Introdução à Filosofia, Emergência de Filosofar e Tentativas de Definir a Filosofia


Introdução 
Este capítulo, visa introduzir a filosofia como ciência, onde irá preparar-se os estudantes para mergulharem no mundo da filosofia. Começa-se dizendo que uma definição precisa do termo "filosofia" é impraticável. Tentar formulá-la poderia, ao menos de início, gerar equívocos. Com alguma espirituosidade, alguém poderia defini-la como "tudo e nada, tudo ou nada...". Melhor dizendo, a filosofia difere das ciências especiais na medida em que procura oferecer uma imagem do pensamento humano - ou mesmo da realidade, até onde se admite que isso possa ser feito - como um todo. Contudo, na prática, o conteúdo de informação real que a filosofia acrescenta às ciências especiais tende a desvanecer-se até parecer não deixar vestígios.
Índice
Introdução. 1
Introdução à Filosofia. 2
A emergência do filosofar 2
Tentativas de definição da Filosofia. 3
Possíveis definições. 4
Conclusão. 6
Bibliografia. 7

Introdução à Filosofia 
Aquele que quiser aprender a filosofar deve encarar todos os sistemas de Filosofia apenas como história do uso da razão e corno objectivo cio exercício do seu próprio talento filosófico. O verdadeiro filósofo tem, portanto, corno pensador por si próprio, de fazer um USO livre e pessoal, não um uso imitador e servil, da sua razão.»
Immanuel Kant, Logica. 

A emergência do filosofar
Serge Moscovici, na obra Homens Domésticos e Homens Selvagens, nota que o Homem, comparativamente aos outros animais, nasce com urna certa desvantagem, pois aquele necessita, nos primeiros dias de vida, de mais cuidados do que os outros animais. Todavia, o Homem, graças à sua capacidade de criação, suplanta-os. Com efeito, a racionalidade é urna característica funda dora do Homem. Esta, porém, necessita de ser estimulada, e a Filosofia é a disciplina que tem como missão, entre outras, estimular essa racionalidade.
De acordo com o programa da disciplina, a Filosofia foi introduzida nas 11ª e 12ª classes para responder a uma necessidade pertinente e urgente, resultante do vazio criado pela sua ausência no 2.° Ciclo do Ensino Secundário Geral (ESG) em Moçambique. A sua introdução resulta da constatação de que os graduados do ESG que iniciam OS estudos superiores não satisfazem as exigências cognitivas e metodológicas deste nível.
No estudo da Filosofia, menos que o desempenho do professor, é o aluno quem determina a sua própria aprendizagem. De que forma? A epígrafe acima resume o que um aluno que começa a estudar Filosofia tem de ter em conta: aprender a filosofar implica exercitar a razão na aprendizagem dos vários sistemas, teorias e conceitos filosóficos, mas só na medida em que depois deverá fazer um uso livre e pessoal da razão, ou seja, pensar por si próprio.
Aprender a filosofar é aprender a pensar sobre o mundo que nos rodela e sobre as ações humanas. A Filosofia nasce do espanto que o mundo provoca no Homem, que o faz começar a filosofar, a pensar sobre o que o rodeia, a sentir-se interpelado pelo inundo no sentido de querer saber mais, de querer conhecer as causas e os princípios (la realidade, de conhecer-se a si mesmo e aos outros. Em suma, aprender a filosofar é essencialmente urna atitude de problematização, de questionamento e de crítica perante o mundo.
O objectivo último da disciplina é criar tio aluno e) hábito da reflexão sobre tudo o que o rodeia (realidade) e, em especial, levá-lo a reflectir sobre as suas próprias decisões e acções.

Tentativas de definição da Filosofia
É comum, em todas as disciplinas, no primeiro dia de aulas, o professor definir a sua disciplina, apresentar o seu objecto e indicar o seu método de estudo. Na Filosofia, começar assim é difícil, devido à sua própria especificidade. Vamos, de seguida, perceber porquê.
Os autores clássicos da Filosofia, Platão (427-347 a. C.) e Aristóteles (384-322 a. C.), principais filósofos da Grécia antiga, local onde nasceu a Filosofia, tinham presente esta especificidade quando afirmavam que a Filosofia era para homens adultos e que devia ser precedida por uma série de disciplinas cada vez mais difíceis (Matemática, por exemplo). Com efeito, não se pode entrar em Filosofia sem problemas por resolver; e só tem problemas por resolver quem tem experiência da vida, dos homens e de si próprio. Todavia, não se afirma que resolver problemas seja a tarefa exclusiva da Filosofia, pois ela também levanta problemas a quem julgava que não os tinha.
Tenhamos no entanto em consideração que, ao falar-se de homens adultos, o termo não se refere a uma idade física, pois Epicuro, filósofo grego do século IV a. C., recomenda que:
Ninguém, por ser jovem, tarde em filosofar, nem, quando idoso, abandone a Filosofia; pois não há ninguém que não tenha idade ou que esteja fora da idade para aquilo que constitui a saúde da alma. E aquele que diz que não é ainda tempo para filosofar ou que já passou o tempo para tal, assemelha-se àquele que diz, falando da felicidade, que a sua hora ainda não chegou ou que já lassou. Por isso, devem filosofar tanto o jovem corno o ancião, pois o ancião manter-se-á jovem através das bênçãos que lhe advêm dos frutos das suas acções, e o jovem terá a sabedoria do velho, pois não receia o que há-de vir.
Epicuro, Carta a Meneceu. 
Ainda sobre a dificuldade em definir a Filosofia, o pensador francês Gilles Deleuze (1925-1995), na obra O É a Filosofia?, afirma que esta questão só se coloca tarde na vida de um filósofo.
Portanto, ela não deve ser colocada no primeiro dia de aulas, antes de os alunos estarem maduros, deve ser o próprio aluno a questionar-se, depois de ter experimentado o exercício de filosofar; isto porque os iniciandos não possuem conhecimentos e calma suficientes para reflectir sobre tal questão, apesar do paradoxo de ser a questão que se nos apresenta logo no primeiro dia de aulas. Estas informações, longe de defenderem a impossibilidade de definir a Filosofia, sublinham tão-somente a dificuldade que há em fazê-lo. Numa primeira tentativa, podemos começar pela etimologia da palavra: o termo «filosofia» resulta da junção de duas palavras gregas: «philo» (amar, amizade com, gostar de) e «sophia» (saber, sabedoria). A palavra «filosofia» significa, portanto, amor da sabedoria, gosto pelo saber. Assim, filósofo é aquele que procura o saber, não aquele que se considera sábio.
A origem da palavra «filosofia» é atribuída ao pensador grego Pitágoras (século VI a. C.), que era chamado sábio por aqueles que achavam que ele tinha muitos conhecimentos. Ele, por sua vez, consciente de que não era sábio mas alguém que procurava saber., pediu que no lhe chamassem sophos (sábio), mas sim filósofo (aquele que Procura o saber).
De acordo com o psiquiatra e filósofo alemão Karl Jaspers (1883-1969):
[…] é a busca da verdade e não a sua posse que constitui a essência da Filosofia […] Filosofar significa estar a caminho. As interrogações são mais importantes do que as respostas e cada urna delas transforma-se em nova interrogação.
Karl Jaspers, Iniciação Filosófica. 

Possíveis definições da filosofia 
A Filosofia, corno as outras ciências, tem o seu objecto de estudo: a filosofia preocupa-se com tudo, ou seja, com toda a realidade que cerca o Homem. As investigações filosóficas abrangem todos os campos de saber. Este facto faz com que ela seja definida sob vários pontos de vista e, por conseguinte, tenha várias definições.
Para nos aproximarmos daquilo que se pode entender por Filosofia, vejamos as definições de alguns filósofos:
  • Aristóteles (Grécia antiga) — A Filosofia ê o estudo dos primeiros princípios e causas últimas de todas as coisas.
  • Cícero (Roma antiga/Itália) — A Filosofia é o estudo das causas humanas e divinas das coisas.
  • Descartes (França/Idade Moderna) — A Filosofia ensina a raciocinar bem.
  • Karl Marx (Alemanha/Idade contemporânea) — A Filosofia é uma prática de transformação social e política.
  • Hountondji (Berlim/Atualidade) — A Filosofia é uma disciplina científica, teorética e individual.
  • Anyanw (Nigéria/Actualidade) — A Filosofia tem a missão de explicitar o implícito, tomar consciência do inconsciente;
  • Ngoenha (Moçambique/Actualidade) — A Filosofia ajuda a resolver os problemas da humanidade, é um instrumento de emancipação. 
Como se pode concluir, cada filósofo tem não apenas a sua própria concepção filosófica da realidade, mas também a sua própria definição do que é a Filosofia. Este facto verifica-se porque cada ser humano, cada pensador e filósofo, tem a sua própria reflexão e compreensão do mundo, que é moldada pelas suas experiencias, cultura e meio circundante próprios. Daí que cada filósofo defina a Filosofia de acordo com a sua área de pesquisa e interesses, que são fruto da sua experiencia Pessoal de pensar o mundo.
Contudo, existe algo que cm todos eles é comum: a Filosofia aparece como um tipo de saber amplo, radical e exigente. A Filosofia é, neste sentido, uma actividade racional de procura de conhecimento; é uma atitude de curiosidade, de desejo de conhecer e problematizar a realidade.
A Filosofia problematiza, coloca questões e procura respostas sobre tudo o que possa ser conhecido nos próprios, as relações humanas, o mundo, etc. É também uma reflexão crítica, um conjunto de respostas e teorias que foram surgindo ao longo da história da Filosofia.
E, finalmente, a Filosofia é urna ciência não só para ser estudada, mas principalmente para ser leita, para sei vivida. Portanto, a Filosofia é urna atitude e não um conjunto de conhecimentos e teorias de alguém que se memoriza, mas urna prática de pensar e agir, um aprender a pensar e um aprender a agir. A Filosofia é urna atitude de reflexão sobre o real e urna busca de orientação para a vicia humana. Kant, um dos mais importantes filósofos de sempre, sublinhando este facto, afirmava que não ensinava Filosofia; ensinava, sim, os alunos a filosofar.

Conclusão
A Filosofia, menos do que um conjunto de princípios, de conhecimentos acumulados a serem reproduzidos, é uma atitude que cada um de nós toma perante a realidade (filosofar); é, na verdade, uma forma específica de vivei- no mundo (de querer saber niais); é uma atitude de reflexão sobre o real.
A Filosofia tem várias definições possíveis porque o seu objecto de estudo é muito amplo (a realidade) e cada filósofo ou corrente filosófica tem a sua própria perspectiva decorrente do uso pessoal e próprio da sua razão (pensar por si próprio).
Desta forma, um curso de Filosofia busca fornecer ao adolescente o instrumental básico à elaboração de uma reflexão sobre o mundo, e sobre si mesmo no mundo, de forma a possibilitar-lhe a conquista de uma autonomia crescente no seu pensar e agir.

Bibliografia
Título: Pré-Universitário – Filosofia 11
Autores: Manuel Mussa Biriate e Eduardo R. G. Geque
Editora: Pearson Moçambique Limitada
Maputo – Moçambique, 1ª edição, 2014
  • Federação Internacional de Informação e Documentação. F.I.D. News Bulletin, Volumes 17-21. 1967
  • www.escolademoz.com

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