A Relação (disputa) entre a Sogra e Nora (Debate/Reuniao Familiar)

Introdução 

Este trabalho tem como tema principal "A Relação (Disputa) entre a Sogra e Nora".

Este trabalho foi realizado com base nas informações obtidas durante uma reunião/entrevista de 8 membros da minha família que foram por mim convocados com a finalidade de responderem a algumas questões referentes ao tema supracitado.
Nomeadamente, participaram nesta reunião, os seguintes membros:

• Meu Avô (Celestino)
• Minha Avó (Adelaide)
• Meu Pai (Alberto)
• Minha Mãe (Catarina)
• Meu Irmão (Júlio)
• Minha Cunhada (Lídia)
• Eu (Suzana)
• Meu Irmão (Celso) – (O fotógrafo)

O desenvolvimento deste trabalho está organizado em perguntas por mim formuladas a cada um dos membros da família, seguidas pelas respostas de cada um.

Numa primeira etapa irei procurar saber de cada um sobre as possíveis causas da disputa entre a sogra e nora.

A seguir, a partir das suas respostas irei apresentar o meu ponto de vista acerca da problemática em questão.

Na fase final irei questionar-lhes sobre as possíveis soluções aplicáveis com vista a dar cabo deste problema e juntamente com a minha compreensão irei concluir esta abordagem.

A RELAÇÃO (DISPUTA) ENTRE A NORA E SOGRA

Uma das fases mais importantes e ao mesmo tempo difíceis da vida de um homem é na hora de crescer e levar uma esposa para casa (seja casa própria ou casa dos pais). É uma fase importante porque é um momento em que o homem cresce e se torna responsável, significa também uma das primeiras etapas na criação da sua própria família. Por outro lado é considerada fase difícil devido as grandes mudanças de hábitos e costumes que terão que lhe acontecer na sua vida. Uma delas é criar uma possível convivência estável entre a sua mãe e a sua esposa sobre a mesma casa. Fazer com que a esposa e a mão vivam na mesma casa é uma dificuldade que assola várias famílias de quase todo mundo. Pois são vários os casos de discussões, conflitos, etc. entre a mãe e a esposa que se registam no dia-a-dia de muitas famílias.

Mas o que causa essas discussões? Quem é o verdadeiro causador deste problema? Como evitar, ou mesmo eliminar estas discussões entre a sogra e nora?

É neste sentido que na cadeira de psicologia tive a oportunidade de escolher este tema de modo a responder a essas questões.
A problemática da disputa entre a mãe e esposa tem vindo a se registar desde há muitos anos atrás. Onde a partir do momento em que o homem leva a sua namorada para viver com ela em casa dos pais, em muitas famílias tem surgido um certo desentendimento entre estas duas mulheres. É um problema que pode ser gerado por várias razões, das razões mais insignificantes até as mais sérias razões.
Pelo facto destas duas mulheres poderem considerar-se as duas mais importantes da vida deste homem, este impasse torna-se mais difícil de se solucionar, pois qualquer solução que for a aplicar-se no caso, não deve de nenhuma forma lesar nenhuma das duas.

A seguir, vejamos as perguntas e respostas:

Seguindo uma sequência lógica do conhecimento social, começarei dos mais novos até aos mais velhos.

AS CAUSAS DA DISPUTA ENTRE A SOGRA E NORA

As causas segundo Meu Irmão

Eu: Irmão, sei que este é um caso que estás a viver actualmente, portanto, podes até não ser a melhor pessoa para me responder, mas provavelmente as suas respostas serão muito ricas e precisas. Então, se a sua esposa (minha cunhada) e a nossa mãe costumam ter desentendimentos, na maior parte das vezes o que têm alegado como causa? Meu Irmão: “Olha, já foram várias vezes que quando voltasse do serviço, tinha que entrar numa reunião com vista a ouvir que elas ficaram a discutir e sobre o que elas discutiam. Muitas das vezes me espantava com a irrelevância das razões. ·         As vezes a nossa mãe reclamava por causa da maneira de fazer as limpezas de casa; ·         Por vezes ela reclamava por causa da hora em que a sua nora acordava (tarde); ·         Algumas vezes a nossa mãe se queixava sobre o respeito da sua nora (afirmando que ela tinha falta de respeito). Na verdade fico sem saber se esse desentendimento é por simplesmente essas razões ou uma outra que agrega todas essas desculpas.”

As causas segundo Minha Cunhada

Eu: Cunhada, sei que pode até ser uma conversa um pouco constrangedora pra ti ou talvez te intimides por causa da presença de todos aqui. Mas eu gostaria que ficasse a vontade para responder as seguintes questões, levando em conta que aqui ninguém será julgado, mas sim pretendemos aprender e solucionar da melhor forma possível esta situação que por acaso também te tange. Portanto, o que achas que tem causado os desentendimentos entre mãe e esposa, em geral e no seu caso particularmente. Minha Cunhada: De uma forma generalizada, esse problema manifesta-se de forma diferente em cada família, considerando desde a sua situação social, cultural, hábitos e costumes. Contudo, acredito que as possíveis causas deste problema, podem ser: ·         O facto de serem de origens diferentes (se for o caso); ·         O facto de a sogra exigir com que as coisas de casa sejam feitas da forma como ela quer, se esquecendo de que os hábitos e costumes são diferentes; ·         As vezes pode ser causado pela insegurança que a mãe do homem tem quando pensa em “como a minha nora cuida do meu filho?”, então, estando ela insegura, faz as coisas do jeito dela esquecendo-se que a esposa tem os seus costumes.

As causas segundo minha Mãe

Eu: Mãe, considerando que a Senhora vive agora e já viveu antes essas situações, anseio que tenha uma experiencia que poderá partilhar connosco. Assim sendo, quais a senhora acha que são as causas do presente tema? Minha Mãe: São várias as possíveis causas deste problema, de tal forma que algumas já foram mencionadas. Mas no meu entender, só há uma causa principal que venha a se manifestar de várias formas diferentes: ·         “Pra mim, a causa principal deste problema é o medo que a mãe tem de perder o filho, ou seja, considerando que cuido dele desde que ele era criança até se tornar homem, é difícil o deixar partir e por mais que eu tente, faço, mas não confiante de que esta mulher que está praticamente a me “substituir” é boa o suficiente para o meu filho.

As causas segundo meu Pai

Eu: Pai, sei que o senhor tem acompanhado estas desavenças que tem ocorrido aqui em casa e não só, mas também é um homem com muita experiência de vida. Logo, o que o Senhor alega como causa destes acontecimentos? Meu Pai: Olha minha filha, durante a minha experiencia de vida aprendi muita coisa sobre mulheres, e uma das mais importantes toca esse assunto da disputa entre a mãe e a esposa. Com isso eu afirmo o seguinte: ·         “Toda mulher quando casa, casa com intuito de criar uma família, um lar onde possa mandar e predominarem as suas regras, com isso tento dizer que a maior causa deste problema é a disputa do poder. Quando chega a mulher em casa dos pais do marido, chega motivada a criar uma própria vida, onde ela seja independente com o marido. Em contrapartida, há lá regras que muitas das vezes não são compatíveis com as da esposa e uma vez que quem está por perto é a mãe do marido, acabam sempre entrando em choque, pois elas tem objectivos diferentes.”

As causas segundo minha Avó

Eu: Avó, o que assenhora tem a dizer a cerca do tema em causa? Minha avó: É assim, eu tenho duas visões sobre esse assunto, que por acaso já foram aqui mencionadas. A primeira foi mencionada pela sua cunhada: ·         A diferença de cultura, hábitos e costumes: Sabe, é difícil duas pessoas que são totalmente diferentes terem que conviver não por suas próprias iniciativas ou desejo, mas porque tem uma pessoa especial em comum. Cada uma tem sua forma de fazer a vida e não vê o porquê de ter que mudar por causa de alguém que não tenha uma ligação directa na sua vida. A segunda foi mencionada pela sua mãe: ·         O medo/dor de perder um filho pra outra mulher que do nada se tornou especial na vida dele. Eu não sei se meu filhe será bem cuidado se o deixar nas mãos desta mulher que não conhece tanto o meu filho tal como eu o conheço. O que acaba tornando a mãe sempre implicante.

As causas segundo meu Avô

Eu: O senhor é o mais velho de todos aqui, portanto é mais do que obvio que terá uma ideia bastante construtiva. ·         Meu Avô: “Minha filha eu vou ser muito breve. Já vivi muitos desses casos, e muitas vezes também cheguei a pensar que as causas que já foram aqui mencionadas eram as mais certas, mas eu estava enganado. Por mais que elas afirme isto, aquilo, etc. sempre saiba que só há um e único motivo que está em acção: A Gestão Financeira”. É assim: o homem cresce e começa a trabalhar. E logo começa a contribuir na liquidação das despesas da casa. Antes de existir a tal esposa, quem faz a gestão do dinheiro dele das despesas da casa é a mãe, mas quando chega a esposa, as coisas tendem a mudar, passando a gestão para a esposa, o que deixa as duas numa disputa.

Minhas constatações sobre as causas

De uma forma resumida, pôde constatar-se que são várias as causas que levam a essa problemática. Portanto, segundo o que foi anteriormente apresentado, podemos sintetizar as seguintes causas:

• A disputa pelo controlo pelas finanças do homem;
• A disputa pelo poder (quem manda em casa e/ou no homem?);
• Questões sentimentais maternais (medo de perder o filho para outra mulher);
• Cultura, hábitos e costumes diferentes;
• Marido passivo e esquivo de lidar com conflitos.

Esses são casos que aparentemente são fácies, contudo, penetrando nestes, podemos perceber que alguns casos são mais difíceis de se resolver. Isso nos remete à busca de possíveis soluções/resoluções aplicáveis nos casos acima mencionados.

Resoluções da disputa entre a sogra e nora

Tendo feito a colecta das causas da problemática, vamos a seguir saber dos nossos membros sobre como resolver de forma definitiva as desavenças entre mãe e esposa.

Para tal iremos seguir o mesmo procedimento que foi usado nas causas:

As resoluções segundo Meu Irmão

Eu: mano, segundo o seu ponto de vista, quais são as possíveis soluções que propões para podermos eliminar esse problema? ·         Meu Irmão: Olha, eu acho que como se trata de duas pessoas adultas, uma boa forma de resolverem esse dilema é sentarem, conversarem e tentarem expor o que a cada uma incomoda. Assim, podem chegar a um consenso de boa convivência. Caso não consigam, podem convocar os mais velhos até que se chegue a um consenso.

As resoluções segundo Minha Cunhada

Eu: cunhada, seguindo a sua lógica de dificuldade de superar as diferenças existentes entre ambas, o que acha que deve se fazer para tal? ·         Minha Cunhada: Pra mim, não há diferença impossível de se superar, desde que hajam bons modos acima de tudo. Com isso quero dizer que o fundamental é a existência de um espírito de amizade em ambas partes. Estou a falar de: respeito, consideração e boas maneiras de se expressar. Isto é, quando uma diz algo com respeito, consideração e bons modos, a outra irá corresponder positivamente.

As resoluções segundo Minha Mãe

Eu: mãe, é certo que sempre existirá insegurança, medo de abrir mão do seu filho e deixa-lo para as mão de outra mulher, mas qual achas que poderia ser o melhor método para resolver este problema? ·         Minha Mãe: Sabe, é uma situação difícil de lhe dar, pois mesmo sabendo que a natureza do homem é crescer e formar uma família, como mãe, é sempre difícil aceitar este facto. “Gostaria de tornar essa pergunta, numa pergunta aberta”

·         Meu Avô: É assim: há muito tempo atrás a nossa cultura era bem rígida, o que ajudava a minimizar esses tipos de problemas. Segundo a nossa cultura, a mulher, ao sair da casa dos seus pais e morar com o seu marido, deve obrigatoriamente converter-se e saber adaptar-se nas novas circunstâncias. Além disso, se ela foi devidamente educada, deverá saber que ela deve total respeito ao seu marido e a sua família.

As resoluções segundo Meu Pai

Eu: Pai, o senhor tem um ponto de vista bastante importante e considerável. Porém agora resta saber, qual seria o melhor método para equilibrar ou se necessário eliminar a disputa pelo poder que reside entre ambas? ·         Meu Pai: Bom, como dizia o seu avô, enquanto a mulher estiver em casa do marido, ela deve certificar-se de que está no lar de outra mulher (a sua sogra), logo, ela deve todo respeito a família do seu marido. Ela só poderá se fazer a vontade quando tiver saído junto com o seu marido para a sua própria casa.

As resoluções segundo minha Avó

Eu: Avó, como é que achas que mães podem superar esta dificuldade de abrir mão dos seus filhos. Minha Avó: Primeiro temos que lembrar que este tipo de situação tem ocorrido com frequência nos seguintes casos: 1.      Nos filhos mais novos: todos nós sabemos que os filhos mais novos são os mais amados de todas as mães, heis que surge a dificuldade na hora de o deixar ser independente. Contudo, seguindo o pensamento tradicional, o filho mais novo não deve sair da casa dos pais, ou seja, sendo ele o mais novo, a casa dos pais deverá ficar com ele. Entretanto, se este tiver uma esposa, e estiver precisando de ter mais privacidade, independência, etc. opta em sair de casa mesmo assim. Pata tal, ele deve entrar em conversação com a mãe e explicar-lhe que não está a abonar-lhe e que continuará a ser um filho presente. 2.      E mesmo se o casal estiver na própria casa isso não significa que não hajam mais problemas: por isso, é aconselhável que este seja um filho presente na vida da sua mãe, mesmo depois de casar-se.

As resoluções segundo meu Avô

Eu: Avô, quanto a gestão financeira das despesas da casa, pra quem devem ficar na verdade. ·         Meu Avô: O filho/esposo deverá saber como agir neste caso, tomando certas decisões para poder diminuir esta disputa. A lógica cultural das coisas é a seguinte, enquanto o homem não for caso, ele dá a sua mãe o valor para cobrir as despesas da casa. Entretanto, a partir do momento em que este se casa, tudo deverá mudar, passando este “poder” à esposa. Mas para não deixar a sogra/mãe sentir-se desamparada, o homem pode ao seu entender, tirar algum valor monetário, entregar a sua esposa para ofertar a sua sogra.

Síntese das resoluções do dilema da disputa entre sogra e nora

As afirmações acima foram claras, não deixando de qualquer forma nenhuma dúvida. De uma forma resumida podemos constatar as seguintes resoluções:

• O mais importante e recomendado, é o diálogo.
• A existência de respeito, consideração e bons modos de se expressar entre ambas;
• A conversão da mulher e saber adaptar-se nas novas circunstâncias. Além disso, se ela foi devidamente educada, deverá saber que ela deve total respeito ao seu marido e a sua família (segundo a cultura da sociedade moçambicana);
• A saída do homem junto com a sua esposa para a própria casa;
• Passar a gestão financeira para a esposa/nora mas sem desamparar a mãe/sogra;

O papel do homem nessa problemática (conversa aberta)

É sabido o quão desgastante é para ambas viver nesse conflito eterno, mas a situação é as vezes muito pior para o homem que fica entre a mãe e a esposa o tempo inteiro. O papel do marido/filho é fundamental no desenvolvimento da relação sogra-nora. Cabe a ele saber separar o amor de mãe e o amor de esposa e colocar estas duas mulheres nos seus lugares. O homem não deve dar motivo para que elas entrem em conflito (como por exemplo, contar o que uma diz da outra) e, se isso ocorrer, mesmo que independentemente de sua vontade, ele deve saber lidar com essa situação, tentando melhorá-la através de conversas com ambas e atitudes que demonstrem amor pela esposa e pela mãe.

Os conflitos e problemas podem e devem ser administrados de forma saudável. Se ambas (ou uma das partes) amadurecerem emocionalmente, poderão compreender-se mutuamente e tomarão consciência que não precisam competir, já que cada uma exerce um papel diferente na vida do homem. Provavelmente, este seja um grande desafio para ambas as partes, que necessita ser superado para que haja a construção de uma relação saudável.

Alguns aspectos importantes e recomendados para o casal são:

Logo no início do relacionamento o homem deve cortar as interferências vindas da sogra, de forma educada e carinhosa. Não deixar o hábito se instalar.

• Opiniões não são críticas, não deve-se tomar tudo como ofensivo;
• A esposa deve legitimar o papel de mãe do seu parceiro, ela não é uma inimiga, portanto, deve facilitar o caminho deles quando precisarem permanecer a sós;
• A esposa jamais deve colocar condições do tipo “ou eu ou sua mãe”. Além de ser um pedido irreal poderá criar uma rachadura na admiração que ele tem por você;
• Bom senso é bom senso, vindo de que fonte vier, inclusive da sogra;
• O homem deve entender que a relação mãe e filho fatalmente mudará quando ele se comprometer seriamente numa relação;
• Não entrar em conflitos directos;
• A esposa deve reivindicar o marido, já que ele precisa ser aquele que posicionará a própria mãe ao legitimar a escolha amorosa que fez e barrando as interferências da mãe na sua vida afectiva.

Constatações e conclusões

A primeira etapa para a resolução deste problema entre várias famílias, mesmo sendo de sociedades, culturas ou hábitos diferentes, deve ser a consciencialização. Ou seja, antes de viverem juntas, a mãe e a esposa de qualquer homem, devem ser consciencializadas sobre esse assunto. Devem iniciar uma convivência já sabendo que terão sempre desavenças.

Com a consciência tomada, o que tem a fazer de seguida é serem abertas, sinceras e amigas uma com a outra ou convocarem uma reunião para que as duas sejam sinceras ao dizer o que lhes incomoda.

Já com o conhecimento do que poderá ser a causa de muitos problemas, já podem ser propostas as formas de lhe dar com o problema em causa. E assim poderão criar uma convivência estável e alegre, pois é muito importante e lindo que uma família viva alegre e na paz.

“O segredo está na cumplicidade do casal”, afirma meu Avô Celestino. “Quando casamos, é importante estabelecer limites que protejam essa nova família e a maneira como ela decidirá levar a vida. E isso às vezes é complicado porque as famílias de origem podem se ressentir dessa espécie de afastamento, que é necessário”, explica. Isso implica que o marido assuma, sim, a dianteira nessa “negociação” de até onde a família dele pode interferir.

Autora: Suzana Muassapo

Nenhum nome mencionado durante o trabalho corresponde a verdade.