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Hipocondria: o que é?


Você se preocupa muito com a possibilidade de ficar doente? É comum que você marque várias consultas médicas para tentar lidar com esse tipo de preocupação? Muita gente usa o termo hipocondria para se referir a pessoas assim, mas você sabe o que significa esse termo exatamente?

Hoje, vamos te explicar o que é a hipocondria e o transtorno de ansiedade de doença. Vamos a descrever como preocupações excessivas ligadas à doenças costumam se desenvolver e daremos algumas dicas para caso você se identifique muito com esse tipo de preocupação.

A hipocondria já foi considerada um transtorno caracterizado pelo receio de se ter uma doença grave. Esse receio estaria baseado em interpretações errôneas acerca de sintomas ou do funcionamento natural do corpo.

Hoje em dia, o diagnóstico de hipocondria é visto como desatualizado na área da saúde por diferentes motivos. Um deles é que os transtornos somatoformes, categoria diagnóstica à qual ela pertencia, envolviam uma grande quantidade de transtornos que tinham muitas semelhanças.

Isso acabava dificultando tanto o uso desse diagnóstico pelos profissionais quanto o seu tratamento. Além disso, essa classificação enfatizava muito a importância de existirem sintomas e sinais difíceis de explicar ou que a pessoa não deveria estar sentindo com base nos exames que fez.

Sabemos hoje que algumas pessoas tendem a ficar preocupadas com doenças de uma maneira desproporcional mesmo sem possuir sintomas muito claros. Alguns têm sintomas leves ou com explicações bem conhecidas na medicina, mas ficam muito ansiosas mesmo assim.

Atualmente, um novo diagnóstico pode ser utilizado para caracterizar de maneira mais precisa esse tipo de situação: o transtorno de ansiedade de doença. Quem vive essa condição apresenta uma preocupação excessiva com ter ou desenvolver uma doença grave.

Essas pessoas se sentem frequentemente muito ansiosas quanto à própria saúde e mesmo sensações que a maioria das pessoas ignorariam ou não dariam tanta importância podem deixá-las alarmadas. O foco desse diagnóstico está nas preocupações excessivas, enquanto que, na hipocondria, um dos principais focos era a presença de sintomas inexplicáveis.
Toda essa ansiedade acaba motivando muitas dessas pessoas a adotar certas estratégias de regulação emocional. Algumas evitam ao máximo o contato com médicos,não comparecem a consultas e descumprem recomendações médicas de maneira geral.

Já outras buscam o cuidado médico de maneira excessiva. Isso pode envolver a marcação frequente de consultas só para averigar se existe algum sinal da existência de uma doença, o exame repetitivo do próprio corpo ou pesquisas frequentes sobre doenças.

Muitas dessas pessoas tentam se tranquilizar através do contato constante com amigos, familiares ou médicos. Apesar disso, exames que não apoiem a existência da doença ou falas de familiares que vão nessa mesma direção não costumam ser o suficiente para tranquilizá-las a longo prazo.

Essa preocupação excessiva pode gerar um grande desgaste nos relacionamentos da pessoa. Mesmo alguém que gosta muito dela pode ficar irritado de sempre ter que ficar repetindo que está tudo bem com a saúde dela.

Comportamentos de checagem contribuem bastante para a manutenção desse transtorno. Eles ocorrem quando a pessoa checa constantemente a si mesma em busca de sinais de doença. Isso pode incluir, por exemplo, procurar por sinais de câncer de pele em marcas de nascença, medir a pressão em busca de indícios de doenças cardiovasculares ou, mais recentemente, cheirar diferentes temperos para saber se está com COVID-19.

Aquela busca pela tranquilização vinda de amigos, familiares ou médicos que mencionei agorinha também dificulta as coisas. Na teoria, fazer isso deveria reduzir a preocupação da pessoa e alguns estudos sugerem que, a curto prazo, a ansiedade pode realmente diminuir através dessa estratégia.

O problema é que isso vai se tornando mais prejudicial a longo prazo. Já que a pessoa com o transtorno não possui uma doença física grave, o alívio momentâneo gerado pelas falas dos outros acaba tornando essa busca pelo apoio social mais recompensadora e, consequentemente, mais provável de se repetir no futuro.

Isso pode dar início a um ciclo vicioso no qual essa estratégia ajuda a pessoa a se acalmar até que as preocupações voltem a se intensificar e então ela busca novamente o apoio dos outros. Supondo que nenhuma doença grave seja constatada com o passar do tempo, sempre existirá a possibilidade de que ela surja no futuro e a pessoa tenderá a se apoiar nas mesmas pessoas para se acalmar.

As pessoas que desenvolvem esse transtorno geralmente possuem uma história de vida na qual associaram estar doente com receber atenção ou passaram por experiências marcantes envolvendo doenças graves ou a morte de um ente querido.

Esse transtorno é mais comum em culturas nas quais reclamações sobre a saúde física são tidas como mais importantes ou válidas do que queixas sobre a saúde mental. Esse reconhecimento social acaba incentivando mais queixas de natureza física, mesmo que muitas vezes esse não seja o cerne do problema.

O mais frequente é que essa condição se desenvolva no início da vida adulta, fase na qual muita gente começa a se tornar mais responsável pela manutenção da sua própria saúde.

Quem vive esse transtorno pode demorar um bom tempo até descobrir que o problema quase sempre não são as doenças, mas sim as suas preocupações excessivas. É claro que isso não se aplica para quando a pessoa realmente tem uma doença grave, isso faz sentido apenas para quem vive o transtorno de ansiedade de doença.

O avanço da COVID-19 preocupou especialistas quanto ao risco dos sintomas desse transtorno e do TOC se agravarem, já que ambos podem se relacionar com o receio de contaminação. A escassez de testes, de vacinas e de materiais de higiene poderiam potencializar a ansiedade de alguém muito preocupado com a própria saúde, considerando que isso dificultaria os comportamentos de checagem, só que ainda não sabemos muito bem qual foi o impacto da pandemia nesses sintomas.

Além disso, a pandemia impôs um desafio extra para os profissionais de saúde encarregados de tratar o transtorno de ansiedade de doença. É essencial no tratamento dessa condição saber diferenciar se um comportamento realmente tem a função de neutralizar o risco de infecção ou se na verdade a principal função é reduzir pensamentos obsessivos ou ansiosos.

Uma técnica muito usada para ajudar nisso é a exposição sistemática e gradativa ao estímulo aversivo. Na teoria, ela seria ótima, mas como estamos no meio de uma pandemia, a sua aplicação se tornou até não recomendável em alguns casos, como os que envolvem a preocupação com a COVID-19, já que isso poderia envolver um risco considerável à saúde.

Outra técnica que parece útil no tratamento de quem vive o transtorno de ansiedade de doença é a prevenção de resposta. Nela, a pessoa tenta adiar ou evitar completamente comportamentos que ajudem a manter o transtorno, como a checagem constante e a busca pela reafirmação de pessoas próximas.
Pode ser interessante que o tratamento envolva uma boa dose de psicoeducação ligada ao estresse e à ansiedade. Assim, a pessoa pode aprender mais rapidamente que sensações corporais causadas pelo estresse ou pela ansiedade são geralmente inofensivas e não sugerem a existência de uma doença grave.

Ela também pode ser informada sobre a importância de se adotar um estilo de vida mais saudável, já que isso preserverá a sua saúde física e mental. Praticar atividades físicas, dormir bem e se alimentar melhor são algumas formas de botar isso na prática Embora o tratamento com um profissional qualificado seja altamente recomendável e insubstituível, aqui vão algumas dicas que você pode seguir caso suspeite que as suas preocupações com a saúde estejam um pouco exageradas. Dica número 1: confie mais nos profissionais da saúde.

Se você já buscou uma segunda, terceira ou até quarta opinião médica e mesmo assim não observou nenhum indício de que possui uma doença grave, mas continua preocupado com isso, talvez seja mais interessante procurar a ajuda de um profissional da psicologia.

Dica número 2: quebre o ciclo de manutenção da ansiedade de doença. Use outras formas de lidar com a ansiedade além de consultas médicas, reafirmação de amigos ou outros tipos de checagem que você adote com mais frequência.

Um bom ponto de partida para isso é assistir o nosso vídeo sobre estratégias de regulação emocional e também o episódio do nosso podcast onde falamos de outras estratégias que muitas pessoas usam para lidar com diferentes emoções.

Dica número 3: conheça melhor o transtorno da ansiedade de doença. É comum que alguém vivendo essa condição não acredite que as suas preocupações sejam excessivas ou que a sua checagem constante por sinais de doença vão além do razoável.

Por conta disso, muitas pessoas só recebem o devido tratamento quando são encaminhadas por seus médicos a psicólogos após diversos diagnósticos negativos para a doença que elas temem ter ou desenvolver.

A melhor forma de tratar alguém com o transtorno da ansiedade de doença pode ser definida a partir de uma avaliação psicológica que leve em consideração as particularidades da pessoa e do seu contexto. A efetividade de certas técnicas, como a prevenção de resposta, dependem muito de um bom planejamento e monitoramento por parte de um profissional.

Por isso, não existe um único tratamento específico que a gente possa recomendar e garantir que vá funcionar super bem para qualquer pessoa com esse transtorno.

Considerando a pandemia que ainda vivemos, pode ser ainda mais difícil lidar com esse tipo de preocupação, então nossa principal sugestão é que você procure pela indicação de um bom profissional para te ajudar caso se identifique com as coisas que descrevemos aqui.

Hoje te explicamos o que é a hipocondira e o transtorno de ansiedade de doença. Descrevemos algumas das causas, dos mecanismos de manutenção e de desenvolvimento do transtorno de ansiedade de doença. Também exploramos a relação desse transtorno com a pandemia, falamos um pouco sobre o seu tratamento e demos algumas dicas que você pode seguir caso suspeite que tem esse transtorno.

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