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O Impacto da Agropecuária o Meio Ambiente: Restrospectiva Histórica e Projeção para o Futuro

RESUMO: O presente artigo é o resultado de uma pesquisa que conduz à reflexões sobre o impacto da agropecuária no meio ambiente. Diante de tal problema, acredita-se ser necessário desatar algumas amarras colocadas ao longo do processo de crescimento da agropecuária que, no caso, mais degradou do que preservou o meio ambiente. Por isso, buscou -se identificar e demonstrar as degradações causadas pelo homem ao meio ambiente em consequência da atividade agropecuária, com a finalidade de informar e conscientizar a sociedade sobre suas implicações. Após revisão da literatura disponível, realizou -se pesquisa de campo no município de Presidente Médici, aplicando -se entrevista pessoal com auxílio de instrumento de coleta do tipo formulário semiestruturado, por meio do quê verificou-se que os agro-pecuaristas, por falta de uma política de cuidado com o meio ambiente contribuíram para sua degradação. Foram identificados, como grandes causadores do impacto ao meio ambiente, decorrentes da agropecuária, o desmatamento, a erosão e os agrotóxicos e, como alternativa de solução, a prática do desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável. Meio Ambiente. Agropecuária. Presidente Médici. Impacto Ambiental.



INTRODUÇÃO
Nunca se ouviu falar tanto em preservar o meio ambiente como nos últimos tempos. Por este motivo este artigo trata do impacto da agropecuária no meio ambiente.

Com base em uma revisão da literatura disponível sobre o tema e levantamento de dados em pesquisa de campo, pôde -se observar que o meio ambiente necessita, entre tantos profissionais, também do contador, na medida que cada um dos seres humanos assume novas posturas, atitudes e comportamentos, assim também acontece em relação às necessidades de controle e informações.

Preservar e cuidar do meio ambiente corresponde a um processo educativo permanente, dinâmico, criativo, interativo com a participação de todos os segmentos da sociedade e a reflexão acerca dos princípios que regem os cuidados com o meio ambiente devem ser uma constante em toda e qualquer formação. Neste sentido, o equilíbrio entre a agropecuária e o meio ambiente proporcionará as gerações futuras uma melhor qualidade de vida.

Em decorrência do desequilíbrio facilmente observado no meio ambiente em virtude do avanço da agropecuária, é possível pensar que não há desenvolvimento sem destruição, uma vez que com o aumento da população de forma matemática, há também uma procura cada vez maior por alimento e outros gêneros que satisfaçam necessidades. Com isso o meio ambiente perde espaço para o desenvolvimento e a ganância do homem.

Daí a necessidade de se consolidar o conhecimento nas áreas de contabilidade rural e ambiental, na tentativa de se encontrar um equilíbrio entre agropecuária e meio ambiente.

O objetivo desta pesquisa é identificar e demonstrar as degradações causadas pelo homem ao meio ambiente em consequência da atividade agropecuária, com a finalidade de informar e conscientizar a sociedade sobre suas implicações, proporcionando conhecimentos obtidos em levantamento teórico e em campo com pequenos, médios e grandes agro-pecuaristas da cidade de Presidente Médici.

Para isso, foi necessário, antes de tudo, realizar estudo sobre a história dos impactos da agropecuária sobre o meio ambiente, para depois, buscar o que pensam, como planejam, que dificuldades enfrentam os produtores rurais do município escolhido.

Foram objetivos da pesquisa realizada:
a) Conhecer a real situação do meio ambiente nos dias atuais fazendo comparações com períodos passados;
b) Identificar quais são os pontos que determinam se um ambiente está sendo preservado ou não;
c) Descrever formas de como explorar o meio ambiente sem destruí-lo;
d) Demonstrar através da pesquisa de campo o que pensam os agropecuaristas da cidade de Presidente Médici;
e) Verificar o grau de escolaridad e daqueles que utilizam a agropecuária para sobreviver.

E teve por justificativa o desequilíbrio facilmente observado no meio ambiente em virtude do avanço da agropecuária. Levando com isso a sérias degradações que vem causando danos irreparáveis ao meio ambiente e ao homem.

REVISÃO DA LITERATURA

Considera-se aqui, o homem como principal agente modificador do meio ambiente e a agropecuária, uma das atividades que mais contribui com essa modificação.

Nesse contexto, aborda-se a questão ambiental, o histórico sobre a preocupação com o meio ambiente, a natureza como fornecedor de matéria prima, desenvolvimento sustentável e crimes contra o meio ambiente e a relação com a agroecologia.

1.1 A QUESTÃO AMBIENTAL
Com o surgimento da agricultura o homem passou a ser sedimentar, deixou de ser nômade para viver dos frutos do seu suor. O homem deixou de viver da coleta e da caça, passou a plantar e a domesticar os animais, com isso o meio ambiente começou a perder espaço para o sedentarismo do homem, que vivia e m sociedade e demandava cada vez mais de alimento e, consequentemente de mais terra para plantar, levando-o à derrubada das matas e, em seguida plantio do pasto para alimentar os animais.

Estudos sobre a história do Brasil apontam que no período do descobrimento a principal atividade de Portugal foi à exploração do pau -brasil, a mineração, cana- de- açúcar, café e nos dias de hoje, a soja, o arroz, o feijão, o milho e a pecuária que ajudam o Brasil a ter mais divisa e a ganhar mercado no mundo (MOTA , BRAIC K, 2001, p.199).

Como afirma Paiva (2006, p. 11): “a partir da fixação do homem a terra e do surgimento do conceito de propriedade, os indivíduos passaram a utilizar os recursos naturais de acordo com suas necessidades de subsistência”.

O ser humano tem direito a uma vida saudável, em harmonia com a natureza, e constitui, portanto, o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável. É necessário que as estratégias públicas de desenvolvimento incorporem a sustentabilidade como elemento indispensável para alcançar de forma equilibrada, interdependente e integral, os objetivos econômicos, sociais e ambientais (MOTA; BRAICK,2001).

Por isso, percebe-se que o ser humano não foi muito feliz nessas questões, pois o uso dos recursos naturais disponíveis, embora tenha trazido melhora nas condições de vida, trouxe também a poluição, com todos os seus impactos na condição de vida, e também trouxe preocupações quanto às possibilidades futuras de se continuar vivendo (MOTA, BRAICK).

Nesse cenário, o contador torna-se um profissional importante, subsidiando, por meio das informações prestadas dados estatísticos que permitem o uso mais eficiente dos recursos naturais fornecendo informações para tomada de decisão, melhorando assim, o modo de vida da sociedade.



1.2 HISTÓRICO DA PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE
Segundo Ferreira (2006, p.12) “a preocupação com o meio ambiente data do século XIX; somente no século XX e principalmente, a partir dos anos 70 passou a ter repercussão na sociedade”.

A primeira conferência sobre o meio ambiente foi realizada em Estocolmo em 1972, com repercussão internacional. Já em 1975 foi realizado um Seminário Internacional de Educação em Belgrado, com a participação de vários países, que resultou na carta de Belgrado.

Não só Estocolmo e Belgrado promoveram encontro de países com preocupações voltadas para os problemas ambientais do planeta. No Rio de Janeiro, no Brasil realizou-se a Eco-92 que estabeleceu um compromisso maior entre os países participantes com o assunto, no qual os conceitos “ambientalmente correto” e “desenvolvimento sustentável” tomaram maior dimensão e começaram a fazer parte do dia-a-dia da sociedade civilizada e, consequentemente, do cotidiano de um número maior de empresas.

O documento assinado por 170 países durante a Eco 92 ficou conhecido como Agenda 21, que foi considerado pelo Eco -Rio, o maior esforço conjunto feito por governo de todo o mundo, para identificar as ações que combinem o desenvolvimento com a proteção do meio ambiente.

Todavia pesquisas mostram que com a colonização de Rondônia em 1970, o meio ambiente perdeu uma área considerável, pois os colonos aqui chegaram com intuito de desmatar e plantar. De pequenos sitiantes passaram a fazendeiros, momento em que os colonos não tinham uma preocupação com o meio ambiente (TEIXEIRA; FONSECA, 1998, p.173).

1.3 A NATUREZA COMO FORNECEDORA DE MATÉRIA-PRIMA
No final do século XVIII foram bastante intensos os impactos da Revolução Industrial sobre as condições de vida e saúde das populações, principalmente nos países europeus, onde houve maior desenvolvimento nas relações industriais e de produção. Contudo, esse domínio da tecnologia moderna sobre o meio natural trouxe consequências negativas para a qualidade da vida humana em seu ambiente. O ser humano, afinal, também é parte da natureza, depende dela para viver, e acaba sendo prejudicado por muitas dessas transformações, que degradam sua qualidade de vida (MEIRA, 2006).

O desenvolvimento da sociedade, impulsionado pela globalização, faz com que cada vez mais sejam absorvidos profissionais capacitados em planejar e gerenciar a qualidade do meio ambiente; é a própria sociedade que demanda a participação destes profissionais no processo produtivo, obrigando as empresas e governos a situarem -se dentro de padrões economicamente produtivos, socialmente responsáveis e ecologicamente corretos para diminuir os problemas no meio ambiente. Sobre a problemática sócio -ambiental, apresenta-se o quadro teórico a seguir:

PROBLEMA DESCRIÇÃO

PROBLEMA

DESCRIÇÃO

Crescimento demográfico

A população mundial é de 6,1 bilhões de habitantes e deve chegar a 9,3 bilhões em 2050.

Super exploração dos recursos

A cada ano, a utilização dos recursos supera em 20% a capacidade do planeta de regenerá-los. Em 2050, a população mundial va i consumir entre 180% e 220% do potencial biológico do globo

Espécies ameaçadas

11,046 espécies animais estão ameaçadas de extinção nas próximas décadas, principalmente pelo desaparecimento de seu habitat natural, o que representa 28% das espécies mamíf eras, 15% dos pássaros, 28% dos répteis, 25% dos anfíbios e 40% dos peixes.

Erosão do solo

O crescimento da população acarreta uma enorme pressão sobre a agricultura e, portanto, uma demanda crescente de terras agrícolas.


Quadro 1: Problemas sócio-ambientais mais graves
Fonte: Adaptado de MEIRA (2006, p. 9)

Como é possível observar, nas próximas décadas, a sobrevivência da humanidade vai depender da educação ecológica, da capacidade do ser humano de compreender os princípios básicos da ecologia e vive r de acordo com eles. Isso significa que essa educação tem que se tornar uma qualificação essencial dos políticos, líderes empresariais e profissionais de todas as áreas, e tem que ser um dos assuntos mais importantes da educação primária, secundária e superior, além de projetar o futuro com o pensamento do desenvolvimento sustentável, tratado a seguir.


1.4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O grande engano no que diz respeito à preservação do meio ambiente, é considerar o ser humano fora desse meio. Sendo parte integrante desse meio, o planeta Terra é a grande comunidade de vida, de todas as espécies que nela habitam. Por este motivo quando se fala de desenvolvimento sustentável, refere -se ao ser humano utilizar os recursos naturais racionalmente e responsavelmente.

Conforme afirma Ferreira (2006, p. 17), “desenvolvimento sustentável implica usar os recursos renováveis naturais de maneira a não degradá-los ou eliminá-los ou diminuir sua utilidade para as gerações futuras”.

Entende-se que, para haver desenvolvimento sustentável na agropecuária, são necessárias políticas diferentes da atual, e que os interesses econômicos e financeiros devem estar voltados à incentivos agrícolas e pecuários tanto no agronegócio como na agricultura e pecuária familiar, incentivando uma maior diversificação de produtos e rebanhos em diferentes épocas do ano, tornando, assim, uma agropecuária mais fortalecida e preparada para as diversidades que possam ocorrer tanto com o retorno financeiro como com a instabilidade climática.

O progresso de forma como vem sendo feito tem acabado com o ambiente ou, em outras palavras, destruído o planeta Terra e a natureza. O atual modelo Capitalista de crescimento econômico gerou enorme desequilíbrio. Recursos continuam sendo explorados, sem que haja sua renovação. A humanidade caminha para um colapso desses recursos e uma falência múltipla dos ecossistemas terrestres.

Portanto, desenvolver de maneira sustentável na agropecuária é fazer com que as estratégias econômicas tenham equilíbrio entre a agricultura, pecuária e o meio ambiente visando a promover o crescimento da riqueza e a melhoria das condições de vida, de forma igualitária. Para isso, são necessários modelos de agropecuárias capazes de evitar a degradação ambiental e a exaustão dos recursos naturais, não comprometendo, dessa forma, a satisfação das necessidades das gerações futuras.

A busca de desenvolvimento sustentável na agropecuária é um processo, e a própria construção do conceito é uma tarefa ainda em andamento e muito longe do fim. Neste contexto, o contador deve envolver -se com a agropecuária contribuindo de forma positiva com toda a sociedade, por meio de informações precisas para melhor conscientização, redução e prevenção dos impactos ambientais e respectivas causas e consequências para a sociedade.

De acordo com Tinoco e Kraemer (2004, p.137), a sustentabilidade apresenta cinco dimensões descritas a seguir:
Sustentabilidade social: que se estende como a criação de um processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior equilíbrio na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre padrões de vida dos ricos e dos pobres;
Sustentabilidade econômica: que deve ser alcançada através dos gerenciamentos e da alocação mais eficiente dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e pri vados;

Sustentabilidade ecológica: que pode ser alcançada através do aumento da capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos que são facilmente esgotáveis, redução da geração de resíduos e de poluição, através da conservação de energia, de recursos e da reciclagem;

Sustentabilidade espacial: que deve ser dirigida para a obtenção de uma configuração rural-urbana mais equilibrada e melhor distribuição territorial dos assentamentos humano s e das atividades econômicas;

Sustentabilidade cultural: incluindo a pesquisa por raízes endógenas de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados, que facilitem a geração de soluções específicas para o local, o ecossistema, a cultura e a área.

O contador utilizando destas cinco dimensões contribuirá de maneira sustentável com a agropecuária fixando um melhor equilíbrio entre a agricultura, a pecuária e o meio ambiente.

Todavia é a contabilidade que calcula, registra, avalia e informa ao longo da história os resultados negativos e positivos da agropecuária, contribuindo para que estas informações auxiliem a sociedade (empresários, acionistas, governo, pecuaristas, agricultores) na tomada de decisão, pois é de sua responsabilidade elaborar demonstrativos contábeis subsidiando a sua visualização de quais medidas foram adotadas e os resultados alcançados na preservação do meio ambiente e de como os investimentos realizados diminuem as agressões e os impactos que ocorrem nesse ambiente.

Segundo Ferreira (2006, p. 21) “quando se fala em desenvolvimento sustentável, a responsabilidade sobre isso normalmente recai sobre o governo e empresas e pouco se fala sobre o papel de cada cidadão”.

1.5 CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE
Degradar implica em ações que resultam em danos ao meio ambiente, gerando poluição. Essa poluição pode causar reflexos no patrimônio da entidade; por isso, requer uma ação gerencial que vise tornar esse reflexo positivo ou que pelo menos possa minimizar qualquer prejuízo (TI NOCO; KRAEMER, 2004).

Para Tinoco e Kraemer (2004, p. 45). “a degradação excessiva do meio ambiente e a depleção exagerada de recursos naturais têm chamado a atenção em todo o mundo, e com isso o meio ambiente vem atraindo cada vez mais atenção e interesse”.

A relação entre o homem e o meio ambiente existe desde o início dos tempos, devido à necessidade de sobrevivência do ser humano. Este, por sua vez, sempre usou recursos naturais de forma desordenada e predatória, visto que acreditava-se que a natureza fosse inesgotável.

Possivelmente o maior desafio quando se trata da questão ambiental, seja o compatibilizar o crescimento econômico com a preservação ambiental, pois o crescimento de uma economia provoca a perca ao meio ambiente.

Em economia, a pergunta fundamental seria como produzir tudo que a humanidade precisa sem prejudicar o meio ambiente? Pergunta complexa, mas não de difícil resposta. Deve -se propor um grande desafio para os que tomam decisões com regulamentações claras, preventivas e respeitosas ao meio ambiente.

Então, como ter um equilíbrio entre as duas partes, haja vista que um depende do outro, o meio ambiente fornece a matéria -prima necessária e em contra partida lhe são devolvidos os resíduos não utilizados?


Tipos de Degradações ao Meio Ambiente
Desmatamento
Sobre o tema desmatamento, Mattos (2004, p.11) diz que “dentre os diversos tipos de agressões feitas ao ecossistema presente nesses estados, uma das mais comuns é o desmatamento, provocado principalmente pela exploração comercial irracional e pelas queimadas”.

Diante de tantos benefícios oferecidos pelas florestas, é espantoso que o desmatamento tenha se tornado um dos problemas ambientais mais graves do planeta. As florestas e a vegetação nativa vêm diminuindo drasticamente, provocando sérias alterações nas condições climáticas. Durante os últimos 80 anos, metade das florestas tropicais desapareceram, a maior parte depois de 1960. a destruição dos ecossistemas é a causa principal da perda da biodiversidade, seguida pela ocorrência de incêndios e pelo avanço das espécies exóticas invasoras (MATTOS, 2004).

Diariamente os noticiais têm mostrado grandes enchentes, nevascas, incêndios, furacões e outros fenômenos climáticos de natureza dramática, que provocam grandes perdas de vidas humanas e de patrimônio natural. Sinais de alarme da natureza, cujas causas, em grande parte, podem ser atribuídas à veloz retirada da cobertura vegetal nativa promovida nos últimos anos da história humana.

Em outra citação Mattos (2004, p.11) evidencia que:
"Não foi por acaso que em investigações recentes feitas pelo Ibama, já no Governo Lula, que se constatou que de cada dez agentes agressores da mata, oito são pecuaristas, dos outros dois um planta arroz onde antes existia floresta e o outro é madeireiro."
A principal causa do desmatamento no Brasil é conversão das áreas florestais para cultivo de pastagens e para a expansão das áreas agrícolas para produção de grãos como a soja. Mal manejadas, estas áreas muitas vezes são abandonadas depois de esgotada sua fertilidade inicial, o que permitiu ao Brasil acumular, somente na Amazônia brasileira, mais de 1 6 milhões de hectares de áreas degradadas (MATTOS, 2004).

Erosão
Para Meira (2006, p. 9), “a erosão é o processo de perda de solo que pode ser causado pela água (tanto pelo impacto da chuva quanto do manejo da água de irrigação), vento ou por práticas agrícolas inadequadas associadas à mecanização”.

Nesse processo, as partículas que compõe o solo, principalmente na camada mais superficial, são levadas para outras áreas, causando o escoamento superficial desses solos, fendas ou rachaduras, e em alguns casos mais severos, crateras enormes (são as chamadas vossorocas). Essas partículas de solo, quando levadas pelas chuvas, podem chegar aos rios e outros corpos de água, causando assoreamento. Além da perda de solos propriamente dita, os processos erosivos resultam na migração de matéria orgânica e de insumos químicos (agrotóxicos e fertilizantes químicos) para outras áreas (MEIRA, 2006).

A atividade humana acelera esse processo como uso de técnicas de cultivo incompatíveis com as características ambientais do local onde são empregadas, como o pastoreio excessivo de animais, o corte de bosque ou a queima da vegetação.

O domínio das monoculturas, típico da moderna agricultura, gera condições favoráveis à erosão, a medida em que tende a desprezar as vegetações nativas, que garantem a firmeza do solo, e a estimular o plantio de espécies únicas em todos os espaços disponíveis de uma região (MEIRA, 2006).

A degradação dos solos é um dos problemas ambientais mais sérios em todo o mundo. Assim, é fundamental o uso de práticas agrícolas adequadas, baseadas em técnicas de manejo correto do solo e que levem em consideração o agroecossistema com um todo, e não apenas o recurso natural solo.

Agrotóxicos
Ludwig (2005, p. 2) explica que “há vários tipos de agrotóxicos, mas os mais usados na agricultura são os inseticidas (para controlar insetos), os herbicidas (para controlar plantas e ervas daninhas) e os fungicidas (para controlar fungos)”.

Os agrotóxicos podem ter origem biológica ou química. A maioria apresenta o principio ativo (agente de controle) químico e, portanto, potencial tóxico não só para as pragas que devem controlar, mas também para o homem, os animais e os recursos naturais.

O tempo de permanência desses produtos no ambiente também é variável de produto para produto. Alguns persistem, ou seja, demoram mais tempo para se degradar (desaparecer), e outros não. Alguns são extremamente tóxicos. Mesmo quando utilizados em pequenas quantidades e curta duração, geram danos ambientais e à saúde ir reversíveis. Por essa razão, o uso desses produtos deve ser sempre orientado por agrônomos ou técnicos especializados, considerando também, sempre que existentes, as orientações do Manejo Integrado de Pragas (MIP), e as orientações de uso correto do produto.

Os agricultores que manipulam esses produtos geralmente recebem pouca ou nenhuma informação sobre sua periculosidade e, muitas vezes, fazem as aplicações sem a proteção necessária e sem o uso de equipamentos adequados. A falta de cuidado com a escolha do produto, a tecnologia de aplicação e o descuido no preparo, no transporte, no armazenamento, no descarte de sobras de produtos e no descarte das embalagens gera sérios impactos no homem, na água, no solo e no alimento que será consumido.

A exposição ao produto pode provocar alergias e dermatites, perda de visão, feridas expostas, câncer, alterações do sistema nervoso, danos ao fígado, aos rins, problemas respiratórios e de reprodução e, em intoxicações agudas, e até levar à morte. O produto também pode ficar presente no alimento produzido no campo e, por essa razão, o monitoramento de resíduos de agrotóxicos durante sua produção e após a sua colheita deve ser realizado cuidadosamente e dentro de padrões laboratoriais seguros à saúde do consumidor final (L UDWIG, 2005).

Diante destas degradações percebe -se a necessidade de planeamento e gerenciamento na agropecuária.

Segundo Ferreira (2006, p. 30):
Gerenciar o meio ambiente requer conhecimento específico. Quando se consegue entender esse processo de ges tão, mais facilmente se pode desenvolver um sistema de informação adequado a registrar, medir e relatar suas ações.
O contador, para desempenhar o papel decisivo de trabalhador da formação e da informação que hoje lhe cabe, não pode apenas constatar a realidade. Um outro saber, também básico, que deve ser sua segunda atitude, é compreender a realidade para querer transformá-la e acreditar nos agro-pecuaristas como inovador e empreendedor visando, assim, mudanças profundas de paradigmas na agropecuária.

AGROECOLOGIA E O MEIO AMBIENTE
Neste capítulo aborda-se a agroecologia como solução para a questão que vem agredindo o meio ambiente, particularmente no intuito de buscar aplicação futura no município de Presidente Médici, com relação ao uso de agrotóxicos na pecuária e na agricultura.

Agroecologia como alternativa
Segundo Kayser (2006, p. 69).
"É já na semente ou no broto, que o jardineiro prudente cuida e prepara o fruto que virá. Se esse fruto é doente, é porque a própria árvore que gerou estava enferma e degenerada. Não é do fruto que se deve tratar mas da vida que o produziu. O fruto será o que fizerem dele o solo, a raiz, o ar e a folha. É deles que devemos cuidar, se quisermos enriquecer e garantir a colheita."
A consciência ecológica cresce no mundo todo. Cada vez mais o veneno é deixado de lado e as produções orgânicas, ecológicas ocupam mais espaço. A agroecologia não apenas cresce na produção e no consumo como também na sua abrangência conceitual, enquanto ciência que alavanca e sustenta uma nova mentalidade consumidora, uma nova agricultura e também uma nova visão ambientalista.

A agroecologia fornece as bases científicas e tecnológicas para o desenvolvimento de uma agricultura menos agressiva ao meio ambiente, gerando emprego e renda no meio rural e melhorando a qualidade de vida dos agricultores (KAYSER, 2006).

Em contraponto ao modelo agroquímico, urbano, industrial de produção, imposto aos agricultores e conhecido mundialmente pela expressão “Revolução Verde”, a agroecologia tem permitido fornecer aos consumidores alimentos limpos, ecológicos, produzidos sem a utilização de fertilizantes químicos solúveis, agrotóxicos, hormônios, antibióticos, estabilizantes, aromatizantes, conservantes etc. todas substâncias nocivas à sa úde da população (KAYSER, 2006).

A agroecologia traz as condições objetivas para uma nova agricultura, harmonizando o ser humano e o meio ambiente, numa condição de interdependência, afastando -nos da orientação dominante de uma agricultura intensiva em capital, energia, recursos naturais não renováveis, agressiva ao meio ambiente, excludente do ponto de vista social e causadora de dependência econômica aos agricultores (KAYSER,2006).

Os mais variados estudos científicos vêm reafirmando que a agroecologia é uma ciência um campo de conhecimento cientifico de caráter multidisciplinar. E apresenta uma série de princípios, conceitos e metodologias que nos permitem estudar, avaliar, dirigir e planejar as atividades agropecuárias dentro de um agroecossistema (KAYSER,2006).

O enfoque agrogeológico aplica conceitos e princípios da ecologia, da agronomia, da sociologia, da antropologia, da comunicação, da economia ecológica e de tantas outras áreas de conhecimento. Portanto, a agroecologia não pode ser reduzida a uma simples prática tecnológica ou agrônoma de produção, pois incorpora dimensões e variáveis econômicas, sociais e ecológicas, bem como variáveis culturais, políticas e éticas.

A agroecologia como ciência permite produzir alimentos saudáveis, preservando a saúde de produtores e consumidores, sem degradar o meio ambiente, melhorando a qualidade de vida da população (KAYSER, 2006).


1.7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Como procedimentos metodológicos optou -se, além da revisão da literatura, a realização de pesquisa de campo com suporte de formulário (APÊNDICE) para coleta de dados em entrevista junto à 27 sitiantes que corresponde a 1% dos Apro pecuaristas da cidade de Presidente Médici que foram selecionados de forma não – probabilística, ocorrida durante o mês de abril de 2007.

Tal instrumento foi elaborado de forma semiestruturada, com base na teoria preliminarmente estudada, sendo composto de 8 perguntas objetivas acerca as possíveis degradações observadas por eles no município, tendo reservado espaço para justificativas, comentários e outras informações não previstas no panejamento da pesquisa .

As respostas obtidas foram trabalhadas de forma a estratificar em percentuais os pequenos (até 10 alqueires), médios (50 a 100 alqueires) e grandes (acima de 100 alqueires) agro-pecuaristas, pecuaristas e agricultores, subsidiando comparações acerca da realidade de degradações, preservações e perspectiva para um melhor equilíbrio da agropecuária com o meio ambiente no município de Presidente Médici.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nota-se que um dos maiores problemas que o meio ambiente enfrenta relaciona-se à agropecuária, que vem ocupando cada vez mais espaço, e com isso, possivelmente aumentando o nível de degradação.

Medidas têm que ser tomadas no sentido de fazer ou manter um equilíbrio entre a agropecuária e o meio ambiente, levando com isso à uma preservação e harmonia entre as partes.

No tocante ao contador, ele deve contribuir para que ocorra o ponto de equilíbrio entre a agropecuária e o meio ambiente fornecendo informações para a tomada de decisão, para que o mesmo possa tomar as medidas cabíveis com relação a uma política ecologicamente correta.

Neste ponto, defende-se uma política de conservação mais rígida, voltada para uma melhor conscientização da sociedade de modo geral, buscando com isso à uma preservação sem comprometer as gerações futuras.

Os sitiantes que contribuíram com a pesquisa demonstraram interesse na preservação do meio ambiente, no entanto, faltam -lhes acompanhamento e educação que os incentive a valorizar e preservar o meio ambiente das degradações muitas vezes causadas por desconhecimento e por falta de uma cultura de preservação e conservação.

Durante as entrevistas, foi possível observar que, de maneira simples, os entrevistados percebem que a melhor maneira de tratar o meio ambiente é mediante a preservação. Todavia, estes não utilizam a contabilidade para comparar, analisar, informar percas e ganhos em suas propriedades.

Por todo o exposto, reforça-se a eminente necessidade de atitudes voltadas à uma política governamental centrada no homem, nos valores culturais, educacionais e ambientais, proporcionando -lhes uma melhor qualidade de vida sem comprometer as gerações futuras, além do empenho dos profissionais de contabilidade em prestar serviços e informações que realmente atendam as necessidades dos usuários agro-pecuaristas.

REFERÊNCIAS
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: Ética do humano – Compaixão pela terra. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
FERREIRA, Aracéli Cristina de Sousa. Contabilidade ambiental . 2.ed. São Paulo: Atlas, 2006.
IBGE (2007), CIDADES: disponível em <http://www.ibge.com.br>. Acesso em 20/02/2007.
IDARON – Agência de Defesa Agrosilvopastoril de Rondônia , escritório local Presidente Médici.
KAYSER, Arno. Família unida pelo meio ambiente . Mundo Jovem. v. 44, n. 370, p. 3. 2006.
LUDWIG, Rejane Maria. A química escondida na comida . Mundo Jovem. v. 43, n. 358, 2005, p. 2.
MARION, José Carlos. Contabilidade da pecuária . 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MATTOS, Paulo Henrique Costa. Pelo fim do genocídio na amazônia . Mundo Jovem. v. 42, n. 347, 2004, p. 11.
MEIRA, Rômulo Lima. Conhecer para preservar . Mundo Jovem. v. 44, n. 363. 2006, p. 9.
MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao Terceiro Milênio. Minas Gerais: Moderna, 2001.
PAIVA, Paulo Roberto de. Contabilidade ambiental . São Paulo: Atlas, 2006
TEIXEIRA, Marco Antônio Domingues; FONSECA, Dante Ribeiro da. História Regional (Rondônia). 2. ed. Porto Velho: Rondoniana, 1998.
TINOCO, João Eduardo Prudênci o; KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade e gestão ambiental . São Paulo: Atlas, 2004.

Escola de Moz

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O Impacto da Agropecuária o Meio Ambiente: Restrospectiva Histórica e Projeção para o Futuro

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