Introdução
O presente trabalho far-se-á abordagem sobre o contexto histórico do surgimento do Realismo e Naturalismo. Realismo é uma corrente que surgiu em oposição ao Romantismo, e têm como característica a composição das personagens intimamente ligadas ao ambiente sócio-económico profissional e psicológico em que se insere.
Para que este corrente atinja um ponto mais alto, houve um conforto literário entre o Feliciano de Castilho e Antero de Quental isto em 1865, ano em que Antero de Quental dirigiu uma carta a Feliciano de Castilho intitulada Bom Senso e Bom Gosto.
Esta polémica que se gerou entre os dois defendia duas posições antagónicas.
Castilho defendia ideias enraizadas em pré-conceitos ultrapassados, conservadores, traduzidos por umas literárias Romântico, enquanto Antero defendia um ideal motivado pela inovação ideológica que vigorava na Europa e que como tónica dominante considerava as problemáticas sócias
Para dar mais o crédito ao trabalho iremos apresentar uma carta de Antero de Quental dirigida a António Feliciano de Castilho sobre o Bom Senso e Bom Gosto e um texto exemplificativo de autoria de Eça de Queirós o «Crime do Padre Amaro»
Objectivos
Objectivo geral
- Caracterizar o surgimento histórico do realismo em portugal e no Brasil.
Objectivos específicos
- Identificar as caracteristicas do realismo em oposiccao com as do Romantismo.
- Explicar as causas da realização das conferências de Casino e os pontos tomados nessas conferências.
- Identificar os os precursores do Realismo e Naturalismo em Portugal e no Brasil.
Metodologias
Sendo método o conjunto que determina a realização de um objectivo ou o conjunto sequencial de regras comuns a toda investigação, é a partir deste que materializamos e concretizamos qualitativamente o trabalho. Recorremos aos seguintes:
- Bibliográfico, segundo LAKATOS (1994: 191), consiste em pôr o estudante praticante a obter conhecimentos em livros ou documentos. A partir deste método pudemos consultar obras que nos facilitaram a compreensão e análise da obra em estudo.
- Crítico-reflexivo, este método mostra-nos que o trabalho vai além dos factos relatados, propondo um cunho pessoal do investigador como um membro integrante e activo do processo de ensino e aprendizagem, valorizando, assim, a criatividade, a formulação de hipóteses, sugestões, crítica e reflexão.
- Analítico, através deste método o grupo fez a análise da bibliografia consultada em prol do levantamento crítico- construtivo.
Realismo
Contexto histórico do surgimento
O realismo ocorreu em circunstâncias históricas extremamente dinâmica, por se verificarem profundo alteração no campo da ciência, da filosofia, das estruturas sociais e no terreno artístico.
Etimologia da palavra
A palavra realismo provem do latim ‘Res’ = Real que significa coisa objecto, facto. Realismo portanto veio do real+ismo, o sufixo ismo significa Escola. Então o Realismo é uma Escola que valoriza as coisas, os objectos e factos.
Definição
Segundo Reis, Carlos (1983:84) Realismo é o movimento artístico literário que aborda ou apresenta os factos de uma maneira real e objectiva sem deixar transparecer os sentimentos pessoais.
A Escola Realista ou Realismo surge na segunda metade do século XIX, época de grande transformação a nível económico, politico, social e científico.
- A nível económico entra-se na segunda fase da revolução industrial.
- A nível e político – temos acessão da burguesia ao poder.
- Ao nível científico e filosófico – temos teorias que defendem a evolução das espécies com Lamark e Charles Darwin, a descoberta dos princípios da hereditariedade por Gregório Mendel. O principio de Augusto Comte, segundo a qual os factos é que determinam os conhecimento.
Características do Realismo
O Realismo como sendo um movimento que combate a visão romântica e idealizada do homem e da sociedade tem as seguintes características.
- A veracidade este é o objectivo final desejado pelos escritores da época, especialmente ficcionistas. Por isso procura despir os seus textos de artifícios exageradamente literários, em alguns casos chegam até a fugir da linguagem figurada.
- Objectividade decorre das metas que se propõe, a fim de captarem o real em toda sua amplitude e com a maior precisão possível sem subjectividade.
- A observação pela primeira vez na história literária é absolutamente negado o valor da inspiração, a qual os autores sobrepõe um método uma técnica que é a da observação da realidade.
- O Senso Documental é um traço que se acrescenta, pois o material observado tende a ser analisado como no processo de pesquisa científica, afim de que os dados mais significativos dirijam o processo de elaboração da obra.
- Sensoriarilidade constitui o resultado da importância que assume a observação, para os realistas, o que se explica pelo facto de os sentidos serem as primeiras vias de acesso de que o homem dispõe para estabelecer o contacto com o mundo.
- Especificidade fugindo as visões generalizadas ou abrangente da realidade, o realista aprofunda o seu senso da realidade fixando municias.
- O Senso Critico realista procura pela própria selecção dos factos observados, pela importâncias demonstrar um juízo critico sobre a realidade.
- A Lentidão Narrativa decorre das técnicas empregadas e dos objectivos atribuídos a literatura da época.
- Enredo[1] tendo a ser apresentado de forma lenta, uma vez que é retratado pelas minúcias descritivas.
O realismo retrata a vida contemporânea, sua preocupação é com mulheres e homens, emoções e temperamento, sucessos e fracassos da vida do momento. Qualquer motivo de conflito de homem com o seu ambiente ou circunstância é o assunto para o realismo. Sebastiao et al(2003:51)
AZINHEIRA (1991) Enredo um relato de fatos vividos por personagens e ordenados em uma sequência lógica e temporal, por isso ele se caracteriza pelo emprego de verbos de ação que indicam a movimentação das personagens no tempo e no espaço. Geralmente, o enredo está centrado num conflito, responsável pelo nível de tensão da narrativa.
O realismo contesta:
O subjectivismo, o sentimentalismo, o idealismo dos românticos.
Rejeita a evasão romântica que conduzia o artista para o mundo de fantasia.
O realismo revela:
Influências políticas, ideologias ao defender uma visão objectiva da realidade, tendo em conta as condições políticas económicas e sociais ao privilegiar a descrição da vida quotidiana.
Comparação entre o Romantismo e o Realismo
Romantismo - Recorda o passado e, de preferência, a Idade Média;
- A imaginação, a sensibilidade dominam a narrativa. Dá-se a interferência do narrador que, ora manifesta ou a sua simpatia ou repulsa , ora faz digressões;
- Linguagem declamatória, afetiva e espontânea com reticências, exclamações, interrogações, etc.;
- Gosto pela paisagem macabra e horrenda e pelo descritivo idealizado “locus horrendus”;
- Inspiração feita de arrebatamento;
- Ideais monárquicos.
Realismo
- Olha o futuro e tem fé na ciência e no progresso – consequência è novela realista - naturalista, poesia panfletária, gosto pelos temas contemporâneos;
- A observação do pormenor, a indiferença e a impassibilidade do narrador dominam a narrativa;
- Linguagem desafetada, corrente e equilibrada com aperfeiçoamento da forma;
- Gosto pela paisagem colorida e pelo minucioso e exacto;
- Criação feita de reflexão e análise;
- Ideais republicanos e socialistas.
- Sondagem psicológica dos personagens.
O Realismo em Portugal
O Realismo em Portugal teve início em 1865, com a Questão Coimbrã.
Questão Coimbrã
A Questão Coimbrã (também conhecida como Questão do Bom Senso e Bom Gosto).
A questão Coimbrã gerou uma intensa polémica em torno do confronto literário entre os ultras românticos e os jovens estudantes de Coimbra, que defendiam uma concepção empenhada, à luz da qual os problemas de ordem social deviam ocupar a atenção do escritor. Para além do opúsculo "Bom senso e Bom gosto", Antero escreve o folheto "A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais", enquanto Teófilo de Braga escreve o folheto "Teocracias Literárias". Na defesa de Castilho, as intervenções de Ramalho Ortigão e de Camilo Castelo Branco destacam-se, embora a grande relevância de toda esta questão se centre nos opúsculos dos dois primeiros escritores.
Esta polémica, que durou meses, com frequentes trocas de publicações críticas de ambos os lados, terminou com a sob relevação dos ideais preconizados pela Geração de 1870 (e sobretudo por Antero), o que provocou uma autêntica renovação cultural, acentuando o papel de intervenção social que a literatura deve ter, abalando as concepções retrógradas do ultra-romantismo, impulsionando a afirmação do realismo.
Breve Resenha sobre a Questão Coimbrã
Castilho tornara-se um padrinho oficial dos escritores mais novos, tais como Ernesto Biester, Tomás Ribeiro ou Manuel Joaquim Pinheiro Chagas. Dispunha de influência e relações que lhe permitiam facilitar a vida literária a muitos estreantes, serviço que estes lhe pagavam em elogios.
Em redor de Castilho formou-se assim um grupo em que o academismo e o formalismo vazio das produções literárias correspondiam à hipocrisia das relações humanas, e em que todo o realismo desaparecia, grupo que Antero de Quental chamaria de «escola de elogio mútuo».
Em 1865, solicitado a apadrinhar com um posfácio o Poema da Mocidade de Pinheiro Chagas, Castilho aproveitou a ocasião para, sob a forma de uma Carta ao Editor António Maria Pereira, censurar um grupo de jovens de Coimbra, que acusava de exibicionismo, de obscuridade propositada e de tratarem temas que nada tinham a ver com a poesia, acusava-os de ter também falta de bom senso e de bom gosto. Os escritores mencionados eram Teófilo Braga, autor dos poemas Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras; Antero de Quental, que então publicara as Odes Modernas, e um escritor em prosa, Vieira de Castro, o único que Castilho distinguia.
Antero de Quental respondeu com uma Carta Aberta publicada em folheto dizendo que os românticos estão "ultrapassados". Nela defendia a independência dos jovens escritores; apontava a gravidade da missão dos poetas da época de grandes transformações em curso e a necessidade de eles serem os arautos dos grandes problemas ideológicos da actualidade, e metia a ridículo a futilidade e insignificância da poesia de Castilho.
Ao mesmo tempo, Teófilo Braga solidarizava-se com Antero no folheto Teocracias Literárias, no qual afirmava que Castilho devia a celebridade à circunstância de ser cego. Pouco depois Antero desenvolvia as ideias já expostas na Carta a Castilho no folheto A Dignidade das Letras e Literaturas Oficiais, evidenciando a necessidade de criar uma literatura que estivesse à altura de tratar os temas mais importantes da actualidade. Seguiram-se intervenções de uma parte e de outra, em que o problema levantado por Antero ficou esquecido. Provocou grande celeuma o tom irreverente com que Antero se dirigiu aos cabelos brancos do velho escritor, e a referência de Teófilo à cegueira dele.
Foi isto o que mais impressionou Ramalho Ortigão, que num opúsculo intitulado A Literatura de Hoje, 1866, censurava aos rapazes as suas inconveniências, ao mesmo tempo que afirmava não saber o que realmente estava em discussão. Este opúsculo deu lugar a um duelo do autor com Antero. Mas outro escrito, este de Camilo Castelo Branco, favorável a Castilho — Vaidades Irritadas e Irritantes — não suscitou reacções. Na realidade nada foi acrescentado aos dois folhetos de Antero durante os longos meses que a polémica durou ainda. Eça de Queiroz, em O Crime do Padre Amaro, de forma implícita, toma parte dos jovens literários.
Geração de 1870
Nas Artes e nas Letras persistiu a falta de apoio que agravou as difíceis condições de vida dos Artistas. Os escritores precisavam da protecção do Estado, e este oferecia importantes cargos no Governo em troca do "controlo da pena" - e daqui surge a chamada "literatura oficial".
Grupo de jovens intelectuais do final do século XIX liderado ideologicamente por Antero de Quental e José Fontana e do qual fizeram parte alguns dos maiores escritores da História da Literatura portuguesa, como Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão, Téofilo Braga e Guerra Junqueiro, formou o essencial da chamada geração de 70.
Iluminados por ideias inovadoras que beberam da cultura europeia, sobretudo da francesa, irão opor-se a um governo monárquico cada vez mais contestado nos finais da centúria. Racionalistas, herdeiros do positivismo de Comte, do idealismo de Hegel e do socialismo utópico de Proudhon e Saint-Simon, protagonizaram uma autêntica revolução cultural no País, agitando consciências e poderes estabelecidos. São disso exemplo a Questão Coimbrã e as Conferências do Casino. Esta revolução cultural acabou por desembocar numa revolução política: a instauração da República, a 5 de Outubro de 1910.
É contra todas estas condições (que contrastavam com o avanço no resto da Europa) que surge a Geração de 70, um grupo de estudantes universitários coimbrãs que, por volta de 1865, se insurge sobretudo contra o exagero caduco e balofo do gosto ultra-romântico, contra o monopólio de António Feliciano de Castilho.
Antero de Quental chamou à escola de Castilho a "Escola do Elogio Mútuo", já que os seus membros passavam o tempo a elogiar-se mutuamente, para prestígio do grupo.
A Geração de 1870 defende uma maior abertura à cultura europeia, e uma reforma do País, sobretudo a nível cultural.
Denota-se no grupo a influência do socialismo utópico com laivos republicanos e uma influência francesa muito forte, de pendor anti-clerical as facetas comuns à modernidade do século XIX também estão presentes, nas facetas racionalistas e positivista, ao estilo de Augusto Comte, e na prevalência dos valores expressos em obras como as "Origens do Cristianismo", de Renan.
Destacam-se como membros principais da Geração de 1870 Antero de Quental, Teófilo Braga, Eça de Queirós e Guerra Junqueiro, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Jaime Batalha Reis, entre outros.
Seja como for, o nível de capacidade crítica e o nível de capacidade inventiva pessoais, o certo é que a geração de 70 representa, em Portugal, uma profunda revolução cultural. Antes então tinham-se criado hábitos de um romantismo demasiadamente limitado aos problemas nacionais (Lezinheira e Castro:256)
Conferências Democráticas do Casino Lisbonense
Foram programadas 10 conferências, nas 10 apenas seis (6) foram realizadas.
Conferências Realizadas
- 1. "O Espírito das Conferências", 22 de Maio, por Antero de Quental;
- 2. "Causas da Decadência dos Povos Peninsulares", 24 de Maio, por Antero de Quental;
- 3. "Literatura Portuguesa", por Augusto Soromenho;
- 4. "A Literatura Nova" ou "O Realismo como nova expressão da arte", por Eça de Queiroz;
- 5. "A Questão do Ensino", por Adolfo Coelho, a 19 de Junho.
Intervenção das Autoridades e Polémicas
Quando se preparavam para a sexta conferência os participantes foram surpreendidos por um aviso das autoridades que ilegalizavam a realização das mesmas. As autoridades do Estado alegavam que “as prelecções expõem e procuram sustentar doutrinas e proposições que atacam a religião e as instituições do Estado”. O que não era de todo infundamentado porque, apesar de liberal, se vivia numa Monarquia e o Catolicismo era muito forte em Portugal.
As Conferências veiculavam ideias que eram tidas por perigosas como a República, a Democracia e o Socialismo. À volta da proibição, um acto de censura, levantaram-se variados protestos, choveram cartas aos jornais e foram lavrados opúsculos de polémica entre os quais um famoso ataque de Antero “ao Marquês de Ávila e Bolama”, que foi o autor da proibição.
Conferências não realizadas
- 6. Os Historiadores Críticos de Jesus, por Salomão Sáraga
- 7. O Socialismo, por Jaime Batalha Reis
- 8. A República, por Antero de Quental
- 9. A Instrução Primária, por Adolfo Coelho
- 10. A dedução positiva da Ideia Democrática, por Augusto Fuschini
Foi Antero de Quental quem redigiu o programa das conferências de casino, apontando para a necessidade de uma Acão intelectual, de uma tentativa de doutrição ideológica, que da parte da geração de 70 correspondia aos objectivos anunciados nesse programa: ligar Portugal com o novo movimento moderno. Reis (1990.96)
De Café Concerto a Edifício Garrett
Em 26 de Dezembro de 1857, foi inaugurado no Largo da Abegoaria. nº 10, o Café Concerto. Entre 1869 e 1870, o Café Concerto foi reconhecido pelos grandes espectáculos de can-can. Posteriormente passou a chamar-se Casino Lisbonense, onde se realizavam as Conferências Democráticas do Casino. O Casino Lisbonense encerrou em 1876, passando a estabelecimento de estofador e mais tarde o actual Edifício Garrett.
O Manifesto
A 18 de Maio de 1857 aparecem no jornal "A Revolução de Setembro", as assinaturas de Adolfo Coelho, Antero de Quental, Augusto Soromenho, Augusto Fuschini, Eça de Queirós, Germano Vieira Meireles, Guilherme de Azevedo, Jaime Batalha Reis, Oliveira Martins, Manuel Arriaga, Salomão Saraga e Teófilo Braga. Estas personalidades assinaram um manifesto que apontava as intenções de reflectir sobre as mudanças políticas e sociais que o mundo sofria, de analisar a sociedade daquele tempo e de estudar todas as novas correntes do século.
1ª Conferência: "O Espírito das Conferências"
A 22 de Maio de 1871 realizou-se a primeira conferência proferida por Antero de Quental. De acordo com os relatos dos jornais da época, esta palestra consistiu num desenvolvimento do programa que tinha sido previamente apresentado. Antero começou por se referir à ignorância e indiferença que caracterizava a sociedade portuguesa, falando da repulsa do povo português pelas ideias novas e na missão de que eram incumbidos os "grandes espíritos" e que consistia na preparação das consciências e inteligências para o progresso das sociedades e resultados da ciência.
2ª Conferência: "Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos últimos três séculos"
Esta Conferência foi também proferida por Antero de Quental. Na introdução Antero pressupõe três atitudes ou pontos de partida. Em primeiro lugar "O Peninsular", falar da Península como um todo; em seguida uma aceitação – os Povos obedecem a um estatuto anímico colectivo, estrutural – é a crença no génio de um Povo; e, por fim, uma atitude judicatória – Antero julga a História, como uma entidade, o juízo moral, social e político. Em seguida enumera e discute as causas da decadência.
3ª Conferência: "A Literatura Portuguesa"
Conferência proferida por Augusto Soromenho, professor do Curso Superior de Letras. Nesta palestra faz uma crítica aos valores da literatura nacional, concluindo que ela não tem revelado originalidade. Há uma negação sistemática dos valores literários portugueses, exceptuando escritores como Luís de Camões, Gil Vicente e poucos mais, atacando os poetas, dramaturgos, romancistas e jornalistas da época. Transmite uma visão decadentista, ao negar originalidade e peculiaridade à literatura nacional.
4ª Conferência: "A Literatura Nova ou o Realismo como Nova Expressão de Arte"
Conferência dada por Eça de Queirós e que encontra a sua inspiração em Proudhon (filósofo francês). Eça salientou a necessidade de operar uma revolução na literatura, semelhante àquela que estava a ter lugar na política, na ciência e na vida social. Eça de Queirós afirma que o Realismo deve ser perfeitamente do seu tempo, tomar a sua matéria na vida contemporânea; que o Realismo deve proceder pela experiência, pela fisiologia, ciência dos temperamentos e dos caracteres; e que o Realismo deve ter o ideal moderno que rege a sociedade.
Dando uma noção mais concreta, Eça sistematiza:
"1º - O Realismo deve ser perfeitamente do seu tempo, tomar a sua matéria na vida contemporânea.
"2º - O Realismo deve proceder pela experiência, pela fisiologia, ciência dos temperamentos e dos caracteres;
"3º - O Realismo deve ter o ideal moderno que rege a sociedade – isto é: a justiça e a verdade"
Foca aqui as relações da literatura, da moral e da sociedade. A arte deve visar um fim moral, auxiliando o desenvolvimento da ideia de justiça nas sociedades. Fazendo a crítica dos temperamentos e dos costumes, a arte auxilia a ciência e a consciência. O Realismo conduzirá à regeneração dos costumes. Concluindo:
"A arte presente atraiçoa a revolução, corrompe os costumes. De tal forma, ou se há-de tornar realista ou irá até à extinção completa pela reacção das consciências. – O modo de a salvar é fundar o realismo, que expõe o verdadeiro elevado às condições do belo e aspirando ao bem, - pela condenação do vício e pelo engrandecimento do trabalho e o da virtude."
Foi na quarta conferência que Eça de Queirós definiu o Realismo considerando uma base filosófica para todas concepções do espírito, uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano na eterna região do belo e do bom e do justo (…) O Realismo é abolição da retórica (…) é uma reacção contra o Romantismo (…) é a crítica do homem. É a arte que nos pinta os nossos olhos para que saibamos que somos verdadeiros ou falso, para condenar o que houver do mal na nossa sociedade. ( MORREIRA e PIMENTA, 1994)
5ª Conferência: "A Questão do Ensino"
Palestra proferida por Adolfo Coelho que se inicia com uma posição de ataque às coisas portuguesas. Traça o quadro desolador do ensino em Portugal, mesmo o superior, através da História. A solução proposta passa pela separação completa da Igreja e do Estado e por uma mais ampla liberdade de consciência, solução que, no entanto, era restrita a uma zona da vida nacional.
6ª Conferência: "História Crítica de Jesus"
A 26 de Junho de 1871, quando Salomão Saragase preparava para realizar a sua Conferência "História Crítica de Jesus", o Governo, por portaria, mandou encerrar a sala do Casino Lisbonense e proibir as Conferências. No mesmo dia Antero redige um protesto no café Central, hoje Livraria Sá da Costa.
O Realismo no Brasil
Contexto sócio-cultural do seu surgimento
A semelhança do que aconteceu na Europa, no Brasil o Realismo também foi visto como antítese do Romantismo. Contudo, é no Brasil, que o Realismo se torna numa verdadeira antítese do Romantismo, pois eram consideradas obras realistas aqueles que apresentasse claramente características anti-românticas e um estilo novo.
O Realismo brasileiro teve seu início entre o final do século XIX, ou seja entre 1881-1893, e manifestava-se predominantemente no estilo parnasiano
O expoente máximo do Realismo Brasileiro é Machado De Assis, que publicou o seu primeiro poema intitulado ‘Ela’, na revista Marmota Fluminese.
Para além de Machado de Assis temos outros escritores como:
- Raul Pompeia, Inglês de Sousa, Aluisu Azevedo, Adolfo Caminha.
Realismo e Naturalismo
Segundo AZINHEIRA (1991:267) Em Portugal o Realismo e o Naturalismo, a semelhança do que ocorre com as literaturas Francesa, são duas direcções estéticas com certa independência. O Naturalismo se diferencia com Realismo por conduzir a ciência para o plano da obra de arte, fazendo desta como que meio de demonstração de teses científicos, especialmente de psicopatologia.
O Realismo, embora se apoie no que as ciências do século XIX, vinham afirmando e desvendando donde advêm a sua não- preocupação pela patologia, característica do romance naturalista. A par disso, enquanto o Naturalismo implica uma posição combativa, de análises dos problemas que a decadência social evidenciava, fazendo de obra de arte uma verdadeira tese com intenção científica, o Realismo apenas fotografa com certa intenção a realidade circundante, sem ir mais longe na pesquisa, sem trazer a ciência desertativamente para o plano da obra. O romance realista encara a podridão social usando luvas de pelica. O Naturalista controlando a sua sensibilidade a ciência, põe luvas de borrachas e não hesita em chafurdar as mãos nas postulas sociais, e analisá-las com rigorismo técnicos.
Segundo Sebastião et al (2003:52) o naturalismo acentua as qualidades do Realismo, vendo a vida como intercurso de forças mecânicas sobre indivíduos, resultando, os actos, o carácter e o destino destes da actuação, da hereditariedade e do ambiente. O naturalismo observa o homem por meio de método científico, impessoal objectivamente, como "um caso a ser analizado".
Conclusão
Terminado trabalho constatamos que o movimento Realista em Portugal teve inicio em 1865, com a questão Coimbrã, polémica literária travado entre o círculo de ultra-romântico ligados a António Feliciano de Castilho e um grupo de jovens coimbrãs que veio mais tarde a ser conhecido por Geração de 70.
Vimos ainda que a geração de 70 era a designação que se deu ao conjunto de jovens, na sua maioria estudantes em Coimbrã, movidos por um mesmo ideal: renovar Portugal. Arranca-lo do marasmo que se seguiu a regeneração do Marechal Saldanha, em 1851 e, que na literatura traduzia-se por uma produção ultra-romântico, cujos temas dominantes eram o Saudosismo Melancólico.
Falamos ainda que no âmbito das conferências de casino, foram programadas 10 conferências, nesse número apenas 5 foram realizadas e a 6ª foi proibida pelo Marquês de Ávila, que considerava as conferências do casino como um atentado a religião e politica portuguesas.
Bibliografia
- AZINHEIRA, M. Teresa, CASTRO, José, Literatura portuguesa2, 11º`ano da Escolaridade, Lisboa, 1991.
- BUESCU, Maria, CEIA, Carlos, Português 11º ano, Editora, Lisboa, 1998.
- FERREIRA, Alberto, MARINHA, Maria, Bom Senso e Bom Gosto, 1ª vol, Casa da Moeda, Lisboa, 1966.
- MARINHO, Maria, O Surrealismo em Portugal, Casa da Moeda, Lisboa 1987.
- MENDES, Irene, PERREIRA, Elsa, Português 12ª classe, 1ª ed. texto, Moçambique 2006.
- MORREIRA, Vasco, PIMENTA, Hilário, Encontro Literário 12º, porto, Lisboa, 1994.
- REIS, Carlos, Literatura portuguesa Moderna e Contemporânea, Universidade Aberta Lisboa 1990.
- REIS, Carlos, O Discurso Ideológico do Neo-realismo Português, Coimbra, 1983.
- SEBASTIAO, Lica e tal Português 12ª classe textos e actividades, Diname Moçambique, 2013.