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A Penetração Asiática e os Contactos ao Longo da Costa

Moçambique foi desde sempre um país rico em diversidade cultural. Há centenas de anos, tal como acontece hoje em dia, o território foi palco de intercâmbio entre povos oriundos de várias partes do Mundo com os povos aqui sediados. Dentre os primeiros povos que estabeleceram contactos com povos de Moçambique contam se os árabes da Pérsia, ou seja, do Golfo Pérsico.

Introdução
Os primeiros relatos da penetração árabe em Moçambique datam do século IX. Mas quais foram as condições que se reuniram para que a penetração árabe acontecesse? Quais foram as factores da penetração?

A penetração Árabe-Persa 
Moçambique foi desde sempre um país rico em diversidade cultural. Há centenas de anos, tal como acontece hoje em dia, o território foi palco de intercâmbio entre povos oriundos de várias partes do Mundo com os povos aqui sediados. Dentre os primeiros povos que estabeleceram contactos com povos de Moçambique contam se os árabes da Pérsia, ou seja, do Golfo Pérsico.



Os árabes são um povo originário da Península Arábica ou das regiões vizinhas. No mapa pode-se observar a Península Arábica e Moçambique. A proximidade entre os dois territórios é evidente e o transporte mais favorável era por via marítima. Na actualidade, distingue-se o mapa político do mapa geográfico da península. No entanto, a diferença entre os dois não é muita. O mapa político apenas retira ao mapa geográfico parte do actual Iraque. A fronteira geográfica a norte da península é o rio Eufrates. 

Como qualquer outro povo do mundo antigo, os árabes não se constituíam como uma unidade compacta do ponto de vista étnico, político e linguístico. A base da constituição do povo árabe-persa está, sem dúvida, numa grande unidade espiritual, cimentada fundamentalmente pela religião, o Islão.

Os árabes-persas usufruíram de vários factores de penetração, de ordem técnica, geográfica e económica. Contudo, não podemos esquecer a força da ideologia. Uma das suas grandes motivações era proclamar e espalhar a sua fé, a fé no Islão. Os contactos com os árabes-persas tiveram repercussões inevitáveis, a nível social, económico e ideológico. 

Os factores da penetração: geográficos, técnicos, económicos e ideológicos 
De um modo sintético, os factores da penetração foram quatro, geográficos, técnicos, económicos e também ideológicos. No entanto, deve-se referir que a actuação árabe-persa preocupou-se fundamentalmente com a actividade comercial e com a manutenção de boas relações com os Estados moçambicanos.

Factores geográficos ou naturais
A Península Arábica apresenta-se como um território maioritariamente árido e infértil. A maior parte da paisagem na Península Arábica é desértica, o que levou os seus habitantes a procurarem novos territórios, não só habitáveis como, fundamentalmente, propícios para a prática de actividades económicas.

A proximidade geográfica de Moçambique também pode ser considerada urn factor de expansão persa. Moçambique apresentou-se como uma boa resposta para o povo persa porque era relativamente perto e alcançável por mar e por terra.

Factores técnicos
A expansão islâmica foi possível também porque os Árabes tinham um grande conhecimento da arte de navegação. Para além da arte de bem navegar, os islâmicos eram exímios cartógrafos e consequentemente conheciam bem a costa leste do continente africano. 
Para realizarem uma boa navegação, os Árabes tinham conhecimentos consolidados em astronomia.

Factores económicos
Os Árabes, tanto em outros tempos como na actualidade, foram sempre bons comerciantes. Moçambique, no século VIII, apresentou-se como um bom mercado tanto para a venda de produtos árabes como para a compra de produtos africanos.

Factores ideológicos
Um dos pressupostos de algumas religiões consiste na sua expansão a fim de cativar e converter mais fiéis. O islão também teve uma fase de forte expansão inicial, logo após a ascensão de Maomé. Neste sentido, os Árabes expandiram-se para Moçambique também com a motivação de difundirem o Islão. 

Os contactos ao longo da costa e suas repercussões
Desde o século IX, são reconhecidas marcas de uma lenta e progressiva fixação dos mercadores árabes ao longo da Costa oriental moçambicana motivada essencialmente pela vontade de fazer comércio. Populações oriundas do Golfo Pérsico estabeleceram-se principalmente na ilha de Moçambique e em Quelimane, A presença. Árabe em território moçambicano não foi inócua. Houve repercussões que, numa primeira fase, tiveram uma expressão comercial. Houve melhorias na arte de navegar, na criação de entrepostos comerciais, na definição dos produtos a produzir/comercializar, no aparecimento de outros povos prontos para o comércio. Contudo, esta ligação árabes-persas e habitantes do actual território de Moçambique teve as suas interrupções.

De acordo com informações recolhidas dos testemunhos do século XII de Al-Idrisi, pode-se esboçar um mapa da Costa marítima moçambicana. Como se pode verificar, cada povoação temo respectivo nome em árabe. 



Reconstrução hipotética do mapa da Costa de Moçambique e da Tanzânia, Segundo informações recolhidas por Al-Idrisi. Os pontos assinalados terão sido locais de contacto e comércio entre Árabes e habitantes locais.
Fonte: História de Moçambique, vol. I, p. 25. 

Repercussões na arte de comercializar e de navegar e a importância de Sofala
Numa primeira fase, os mercadores árabes desembarcaram em locais mais a forte, como a ilha de Pemba, na actual Tanzânia. 

Relatos da época falam da existência de uma intensa actividade comercial nas terras de Sofala e em toda a África Oriental. O comercio estabelecido entre os Árabes e os habitantes de Sofala foi favorecido por várias circunstâncias.

Apesar da longa distância percorrida pelos barcos, havia urna rede de entrepostos comerciais intermédia. E, graças ao aperfeiçoam então de técnicas de navegação trazidas pelos Árabes, oi possível aproveitar os ventos que durante o ano sopram com muita frequência. Outra grande razão do desenvolvimento do comércio na região foi a existência de uma gama complexa de formações sociais, representando sociedades autónomas com diferentes tipos e graus de organização social e político-administrativa. Isto é, os Árabes estavam realmente interessados em negociar e faziam-no com qualquer chefe dos primeiros Estados moçambicanos. 

Repercussões ao nível dos produtos mais procurados
O comércio de ouro em Sofala data desde o século IX. Mas, no século XI, com o declínio de ouro, cresceu a procura do marfim em Manica, Quiteve e Sofala. Uma das repercussões da penetração árabe-persa tem a ver com a mudança de ciclos de produção. Esta procura de novos produtos criou novos ciclos de produção. Se num primeiro momento se vivia o ciclo do ouro, passou-se depois para o ciclo do marfim.

E importante referir que, para além dos produtos aqui mencionados, outros eram muito procurados e, consequentemente, muito produzidos. Os instrumentos de ferro, de âmbar, de chifres de rinoceronte e de carapaças de tartaruga, mas também os cereais, carnes, frutos e vegetais eram produtos apetecíveis aos Árabes.

Repercussões comerciais: a chegada de mais povos para comercializar, para além dos Árabes, em meados de século XII ha fontes que salientam o desenvolvimento do comércio com os Indonésios. Os produtos comercializados com os Indonésios eram as peles de leopardo, as carapaças de tartaruga e alguns escravos. 

Interrupções na penetração árabe persa em espaço moçambicano 
No século Xli, Mogadíscio (capital da actual Somália) assume-se também como centro de absorção dos rendimentos do comércio de ouro vindo de Sofala. Esta hegemonia de Mogadíscio termina com o surgimento de novos centros comerciais no Indico: Quiloa, Komores, Wamizi, Querimba, ilh de Moçambique e Sofala.

Como se sabe, o primeiro período da presença árabe em Moçambique foi interrompido pela chegada dos Portugueses, nos finais do século XV. Mas, dois séculos mais tarde, ver-se-ia um renascimento desta presença árabe, mais precisamente em finais do século XVII e princípios do XVI1I. Neste período foram tomadas cidades portuguesas que se encontravam sob domínio português, como, por exemplo, Mombaça.

As marcas da presença árabe nos nossos dias
A influência árabe é sentida pelos moçambicanos da actualidade a vários níveis. Primeiro, ao nível étnico, depois aos níveis social e económico, de costumes, religioso e ético. Contudo, ao falarmos da influência árabe sobre os povos de Moçambique, precisamos sublinhar que ela não foi igualmente sentida por todo o território.

Aparecimento da etnia suaili
Entre africanos (dos actuais países do Quénia, Tanzânia e Moçambique) e árabes-persas houve, durante vários séculos, trocas comerciais, casamentos, expansão e conversão ao Islão. 
Da fusão, ao longo de vários séculos, de culturas e hábitos de africanos, árabes e persas que cruzavam entre si, nasceu a civilização sualli, que deu origem a um novo tipo étnico.

Mudanças sociais, económicas e de costumes
Hoje, em algumas partes do nosso país, há sinais que mostram o que herdámos da cultura dos povos árabes. Isso é visível, entre outros, nos usos e costumes, na gastronomia, nas línguas e na indumentária. 

Estes sinais estão presentes em diversos agrupamentos Linguísticos como: o e-Koti; o e-Sangaji; o e-Nahara da ilha de Moçambique e regiões da Costa e fronteiras; o e-Makha, desde Pemba ao Mogincual; e o Qui-mwani, o mais próximo do Qul-shawili original, em toda a costa de Cabo Delgado.

Para os povos Ajaua ou Yao. Os Árabes eram considerados como um povo mais dinâmico do ponto de vista socioeconómico. Os Yao juntaram-se a eles no sentido de elevarem o seu nível de vida. Na sua vida social, por exemplo, os Yao passaram a adoptar o vestuário árabe, nomes muçulmanos, a saudação quotidiana árabe e a construção civil e militar de tendência árabe (por exemplo, mesquitas).

A partir do momento que as aristocracias locais começaram a fazer comércio com os Árabes ficaram mais ricas e, consequentemente, mais poderosas. Esse aumento de poder acelerou o processo de formação e consolidação de unidades políticas ou Estados.

Nível religioso (conversão ao Islão) e ético (tolerância)
Em Moçambique, por exemplo, vários organismos de inspiração islâmica, tais como: comunidade maometana, comunidade islâmica e liga muçulmana, etc. O facto de num mesmo país coexistirem pacificamente comunidades que professam religiões diferentes é sinónimo de tolerância.

Os Árabes quando chegaram ao território moçambicano não tentaram impor a sua religião. Num primeiro momento, interessava-lhes apenas fazer comércio. A conversão ao Islão foi espontânea e os islâmicos convivem, mesmo na actualidade, pacificamente com moçambicanos de outros credos. 

Conclusão
No que é hoje a Costa de Moçambique surgiram centros suailis de relevo a partir do século XII, com a fixação de aristocracias oriundas de Kilwa, embora pela costa se tivessem disseminado aglomerados “mour os” que mantiveram laços comerciais e religiosos com KiIwa. Eles irão opor-se tenazmente a presença portuguesa na costa de Moçambique e a sua penetração para o interior. 

Bibliografia
®    NHAPULO, Telésfero de Jesus, História 12ª classe, Plural Editores, Maputo, 2013
®    HABRAHAMSON, Hans,NILSSON,Anders, Moçambique em transição, um estudo da História de Desenvolvimento durante o Período 1974-1992, Maputo, Edição CEE/ISRI, 1994
®    Consulta à Internet: www.escolademoz.blogspot.com

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