Índice
Introdução. 1
O Estado dos Mwenemutapas. 2
Origem.. 2
As actividades económicas. 3
A Organização político-administrativa. 3
O problema das Sucessões. 5
A Estrutura Sócio Económicas. 5
A ideologia. 5
Conclusão. 7
Bibliografia. 8
Introdução
Mwene significa “chefe” e Mutapa significa “terra conquistada”. O Mwenemutapa era o chefe das terras conquistadas ou objecto conquistado. Queremos dessa forma introduzir o tema que diz respeito aos Estados dos Mwenemutapas, onde falaremos da sua origem, das suas actividades económicas, da sua Organização político-administrativa, da sua Estrutura Sócio Económicas, da sua ideologia, e de vários aspectos, incluindo a sua decadência.
O Estado dos Mwenemutapas
Quando o reino do Zimbabwe já estava em queda, começou a erguer-se o Império dos Mwenemutapas.
Este estado foi formado pelo rei Mutola entre 1440 e1450 e chegado Kalahari até ao Índico e do reio Zambeze ao0 Limpopo.
A sociedade mutapa era dividida em classes e na economia privilegiou-se o comércio do ouro. Este Estado era, por isso, muito rico e cobiçado pelos estrangeiros.
[FIGURA: 01] Mapa de 1635, de Willem Janszoon Blaeu, e que mostra bem no meio de África e ocupando parte do território moçambicano o “Monomotapa” (detaihe ampliado).
A organização político-administrativa era complexa e deu origem a vários conflitos dinásticos. Com duas dinastias, a Mwenemutapa e a Changamire, o Estado do Mwenemutapa durou quase 500 anos até ao início do século XX.
Origem
O Grande Zimbabwe foi abandonado pela maior parte dos seus habitantes. Um deles foi um membro dissidente da dinastia do Grande Zimbabwe, chamado Nyantsimba Mutota.
Mutota, das tribos Shona e do clã Rozwi, juntamente com os seus guerreiros e familiares fixaram-se e ocuparam a região de Dande, vale do Zambeze. Esta ocupação ocorre em 1440-1450 e aí formaram um novo reino, mais concretamente entre os rios Mazoé e Luia. O império Mwenemutapa era uma aliança das tribos Shona, que agrupara, à volta de Mutapa, o chefe da tribo Rozwi.
O núcleo dirigente do grupo invasor que deu origem a essa dinastia constituiu-se desde o início em aristocracia dominante, dominando as populações preexistentes no local.
AS ACTIVIDADES ECONÓMICAS
Para consumo interno, a actividade produtiva básica das comunidades rurais Mwenemutapa era a agricultura. Os pricipais cereais cultivados eram a Mapita, a Meixoeira e o Naxenim (eleusine). Ao longo dos rios e, sobretudo, na zona costeira em solos aluvionares, cultivava-se também o arroz. Para a actividade agrícola, o principal instrumento de trabalho era a pequena enxada de cabo curto e a agricultura praticava-se sobre queimadas. A pecuária, a pesca e a caça, bom como as actividades artesanais, surgiram como complementares da agricultura.
De acordo com os relatos da época, o império Mwenemutapa era muito rico em ouro. Para consumo externo, o ouro era o material mais colhido. Nesse sentido, desenvolviam-se as actividades de mineração e comércio de metais preciosos.
O trabalho nas minas aparecia às vezes como uma importação do exterior da aristocracia dominante ou dos comerciantes estrangeiros. Era um trabalho perigoso e executado, essencialmente, pelas crianças e pelas mulheres, dado terem corpos mais pequenos para encontrar ouro nas galerias de minas.
A Organização Político-administrativa
A estrutura administrativa no Império de Mutapa servia para manter a autoridade no interior do estado.
O chefe máximo designado por Mambo. Era o soberano, representante supremo de todas as comunidades, em cuja administração era apoiada por um corpo de funcionários espalhados pelo vasto estado. Esta estrutura contava com as três mulheres do soberano e com funcionários da corte – mutames ou infices.
O território estava dividido em unidades que se podem designar por províncias, sob a chefia de um fumo ou encosse. Estas províncias, integravam por sua vez um conjunto de comunidades ou musha, à frente das quais se encontrava um mukuru ou muenemusha.
Os fumos ou encosses, para além de administrarem o seu território económico e politicamente, eram obrigados, em cada ano, a reacender os fogos reais na chama original, como símbolo de fidelidade ao soberano mutapa. Isto é, uma vez por ano, o soberano mutapa dava ordens aos chefes territoriais para apagarem os seus fogos reais e rumarem imediatamente para o seu palácio a fim de reacendê-los. Para além desta obrigação, os chefes territoriais a todos os níveis (chefes ao nível da província e ao nível das aldeias) controlavam a produção, o processo de mineração, bem como o de pagamento de tributos.
O instrumento de controlo político mais corrente era o tributo cobrado pelos imperadores mutapa. O tributo podia ser cobrado em bens (produtos agrícolas, peles de leão e de leopardo, penas de avestruz, caça de pequeno e grande porte, etc.) ou em trabalho. Todos os chefes territoriais, oficiais, soldados e demais chefes vassalos tinham também a responsabilidade de garantir a cobrança de impostos.
Os mensageiros ou mussambages eram funcionários do mutapa que tinham por missão estabelecer a ligação entre a casa real e os chefes territoriais, levando informações para junto do soberano e vice-versa. Os diferentes mecanismos de controlo contribuíram parcialmente para preservar um império centralizado.
ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO DE MWENEMUTAPA
|
||
Cargo
|
Descrição/Observação
|
Função
|
Mwenemutapa
|
à
Imperador
|
à
Líder supremo de todo império
|
Mambo
|
à
Rei e administrador de Estado que compunham o
império Mwenemutapa;
à
Oriundo da aristocracia invasora descendente
de Mutota.
|
à
Responsável pela defesa, pela paz, relações
externas, comércio, cerimónias mágico-religiosas e respectivas festividades
do seu reino
|
Nove funcionários
directos do mambo
|
à
3 Mulheres principais
à
Mutumes
à
Infinces
|
à
Apoio à administração do mambo
à
Mensageiros;
à
Guarda pessoal do mambo
|
Fumo ou encosse
|
à
Dependia directamente do mambo
|
à
Administrador das províncias
|
Mukuro ou Muenemusha
|
à
Dependia directamente do fumo ou encosse
|
à
Administrador das mushas
|
O Mwenemutapa vivia no núcleo central que governava directamente entre os rios Mazoé e Luia. Este era rodeado por vários Estados vassalos (Sedanda, Quissanga, Quiteve, Manica, Bárue, Shangwe, além de outros maus no interior), dirigidos por parentes dos Mwenemutapas.
O Problema das Sucessões
No Estado dos Mwenemutapas a questão de sucessão constituía um dos grandes problemas. Esta situação era provocada com muita frequência em parte devido ao próprio sistema de sucessão colateral, que produziu mais do um pretendente à chefia do Estado ou por outras palavras mais do que um sucessor do trono. Estes problemas de sucessão eram um foco de instabilidade, de lutas sangrentas e de fragmentação dos Estados vassalos.
A Estrutura Sócio Económicas
No Estado de Mwenemutapa havia claramente aristocracia dominante e as comunidadesrurais dominadas. A aristocracia dominante era composta pelo Mwenemutapa, seus familiares, pelos mambos dos reinos vizninhos e a sua administração directa. As grandes comunidades rurais de todos os Estados que compunham o grande império Mwenemutapa eram compostas pelos agricultores, pastores, trabalhadores do ferro e mineiros. Na classe dominante, sobretudo o Mwenemutapa e os mambos eram ricos. Viviam dos tributos das populações e do comércio externo, sobretudo do ouro.
Cada comunidade aldeã tinha a obrigação de entregar ao Estado Mwenemutapa o equivalente a produção de 7 dias de trabalho por mês. Havia ainda uma taxa importante, a curva. A curva era geralmente paga pelos estrangeiros e consistia num pagamento em tecidos.
A IDEOLÓGICA
No Império dos Mwenemutapa, em especial no seio dos Shona Karanga, o culto forte era dedicado aos espíritos dos antepassados. No Estado dos Mwenemutapa a religião era considerada como um factor integrador fundamental do sistema político dos Shona Karanga. A passagem pelas cerimónias mágico-religiosas legitimava o poder do mambo. Esta era uma condição fundamental, mesmo que nela se cometessem actos extremos, como o incesto.
Numerosas fontes referem a existência de dois termos que serviam para designar Deus: Mulungu, utilizado nas terras costeiras, ao longo do vale do Zambeze e Nordeste do planalto Zimbabweano, e Mwari, usado a sul do planalto.
Os mambos tinham o direito de invocar a chuva, assim como participavam, nas cerimónias dos fazedores de chuva.
QUADRO
DE SÍNTESE DOS PRIMEIROS ESTADOS MOÇAMBICANOS: MWENEMUTAPA
|
|
Estado
|
Mwenemutapa
|
Duração
|
1440-1450 até 1917
|
Organização
político-administrativa
|
Núcleo Central;
Estados Vassalos
|
Classes sociais
|
Aristocracia dominante
(Mwenemutaoa e seus familiares e funcionários proximos).
Comunidades aldeãs
(agricultores, pastores, ferreiros, mineiros)
|
Formas de Exploração
Económica
|
Agricultura, pecuária,
trabalho do ferro, mas sobretudo exploração mineira e comércio do ouro.
|
Fontes económicas do poder
dos chefes
|
Exploração e comércio do
ouro e tributos das populações aldeãs (produção de 7 dias do mês)
|
Decadência
|
Terminou no início do
século XX, em 1917, numa batalha contra Portugal. Aí morreu o último mambo,
Chioko. Contudo, já desde 1890 que estava num período de decadência.
|
Conclusão
No final do século XV, o Grande Zimbabwe começa a ser abandonado por boa parte da sua população. As forças associadas ao poder económico e político deslocaram-se para o Sul e para o Oeste, sob a chefia do doderoso clã Rozwi. As tradições orais registaram o surgimento de um soberano hereditário, o mwene mutapa (senhor do saque), sendo o primeiro Mutota. O monomotapa obriga os seus negros a cultivarem campos de uma fantástica vastidão. Finalmente aquando da colheita desses enormes campos a perder de vista, consegue obter um volume de produtos suficientemente vasto para viverem perfeitamente a vontade, tanto eles como as suas mulheres.
A decadência do Estado de Mwenemutapa ocorreu no início do século XX, em 1917, numa batalha contra Portugal. Aí morreu o último mambo, Chioko. Contudo, já desde 1890 que estava num período de decadência.
Bibliografia
- NHAPULO, Telésfero de Jesus, História 12ª classe, Plural Editores, Maputo, 2013
- SOUTO, Améilia Neves de, Guia Bibliográfico para o Estudante de História de Moçambique, UEM/CEA, Maputo, 1996