Os Estados afro-islâmicos da Costa
A partir do século XII, começaram a aparecer os povoamentos comerciais islâmicos na costa oriental africana, com destaque para quatro importantes:
Xeicado
É um sistema de governo dirigido por um xeque, chefe de tribo árabe.
Sultanato
Sistema de governo dirigido por um sultão, título dado a certos príncipes maometanos, senhores poderosos e despóticos.
O Xeicado de Sancul
Formação
Este Estado formou-se no século XVI e terá sido fundado por gentes oriundas da Ilha de Moçambique. Pensa-se que foram expulsos da ilha pelos Portugueses.
Base económica
O comércio com o exterior era a actividade económica por excelência. No início, o Xeicado vivia do comércio do ouro, depois passou a comercializar o marfim, mas o seu grande negócio eram os escravos.
Em quase todo o período do século XIX, a aristocracia dominante deste Estado esteve envolvida no tráfico de escravos ao serviço dos governadores portugueses. Isto é, mesmo depois da abolição da escravatura, o xeque de Sancul continuou a traficar escravos. Para o conseguir, serviu-se da cumplicidade que tinha com os Portugueses.
Estrutura social e aparato ideológico
O poder dos chefes do Xeicado de Sancul apoiava-se na religião. Encontrando suporte nos símbolos e rituais religiosos ligados ao islamismo, as autoridades defendiam a legitimidade do poder político. A religião era, assim, um factor de coesão social de grupos diferentes e de unidade contra qualquer ameaça ou ingerência externa no poder político. É importante referir que o islamismo, no Xeicado de Sancul, era a religião preponderante e elemento primordial para a mobilização e a organização da resistência contra a invasão externa feita pelos Portugueses.
O sistema de sucessão neste Estado foi feito de firma alternada entre as várias linhagens existentes, como forma de contentar famílias rivais. Esta alternância parece ter contribuído para a sua estabilidade.
Decadência
Os seus governantes sempre tentaram estabelecer boas relações com as autoridades portuguesas, apesar de existirem algumas contradições. No ano de 1753, o xeque de Sancul foi assassinado por um comandante de uma força portuguesa, durante uma campanha contra os chefes Makua da região que escondiam escravos.
Nos finais do século XiX, com a ocupação colonial efectiva, os portugueses começam a impor o seu domínio, o que vai chocar com os interesses dos dirigentes locais, que vêem a sua soberania ameaçada. Assim se iniciam as confrontações armadas entre o Xeicado e os portugueses.
Apesar da forte resistência das forças militares do Estado contra as ofensivas portuguesas, o xeque foi obrigado a seguir uma política moderada a partir de 1899. Em 1910, o Xeicado de Sancul foi declarado extinto.
A partir do século XII, começaram a aparecer os povoamentos comerciais islâmicos na costa oriental africana, com destaque para quatro importantes:
- Angoche
- Sancul, na baía Mokambo, mesmo a sul da Ilha de Moçambique, entre Lumbo e Mongincual;
- Sangaje, no rio Metomode;
- Quitangonha, que Ocupava toda área da península de Matibane e o Norte da Ilha de Moçambique.
Xeicado
É um sistema de governo dirigido por um xeque, chefe de tribo árabe.
Sultanato
Sistema de governo dirigido por um sultão, título dado a certos príncipes maometanos, senhores poderosos e despóticos.
O Xeicado de Sancul
Formação
Este Estado formou-se no século XVI e terá sido fundado por gentes oriundas da Ilha de Moçambique. Pensa-se que foram expulsos da ilha pelos Portugueses.
Base económica
O comércio com o exterior era a actividade económica por excelência. No início, o Xeicado vivia do comércio do ouro, depois passou a comercializar o marfim, mas o seu grande negócio eram os escravos.
Em quase todo o período do século XIX, a aristocracia dominante deste Estado esteve envolvida no tráfico de escravos ao serviço dos governadores portugueses. Isto é, mesmo depois da abolição da escravatura, o xeque de Sancul continuou a traficar escravos. Para o conseguir, serviu-se da cumplicidade que tinha com os Portugueses.
Estrutura social e aparato ideológico
O poder dos chefes do Xeicado de Sancul apoiava-se na religião. Encontrando suporte nos símbolos e rituais religiosos ligados ao islamismo, as autoridades defendiam a legitimidade do poder político. A religião era, assim, um factor de coesão social de grupos diferentes e de unidade contra qualquer ameaça ou ingerência externa no poder político. É importante referir que o islamismo, no Xeicado de Sancul, era a religião preponderante e elemento primordial para a mobilização e a organização da resistência contra a invasão externa feita pelos Portugueses.
O sistema de sucessão neste Estado foi feito de firma alternada entre as várias linhagens existentes, como forma de contentar famílias rivais. Esta alternância parece ter contribuído para a sua estabilidade.
CRONOLOGIA
DOS XEQUES DE SANCUL
|
|
Anos
|
Nomes
dos Xeques
|
1212-1797
|
Não há
referências
|
1797-1800
|
Raja Mohammad Mukusedi
|
1800-1804
|
Mutirua Muhammad
|
1804-1810
|
Hasan Raja
|
1810-1822
|
Uthman Molidi
|
1822-1832
|
Raja Mukusedi Muhammad Ali
|
1832-1841
|
Burehimu Usufu (regente até 1834)
|
1842-1862
|
Hasan Musa Mukusedi
|
1875-1886
|
Usufu Hasan
ibn Abd Aliah “Muntu Umkubu”
|
1886-1898
|
Molidi Hasan
|
1898-1910
|
Ali ibn Sauli Ibrahimu “marave”
|
Os seus governantes sempre tentaram estabelecer boas relações com as autoridades portuguesas, apesar de existirem algumas contradições. No ano de 1753, o xeque de Sancul foi assassinado por um comandante de uma força portuguesa, durante uma campanha contra os chefes Makua da região que escondiam escravos.
Nos finais do século XiX, com a ocupação colonial efectiva, os portugueses começam a impor o seu domínio, o que vai chocar com os interesses dos dirigentes locais, que vêem a sua soberania ameaçada. Assim se iniciam as confrontações armadas entre o Xeicado e os portugueses.
Apesar da forte resistência das forças militares do Estado contra as ofensivas portuguesas, o xeque foi obrigado a seguir uma política moderada a partir de 1899. Em 1910, o Xeicado de Sancul foi declarado extinto.